quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

SOBRE A PRIMEIRA E A SEGUNDA VEZ

A primeira gestação de uma mulher pode ser bem diferente da segunda e mais ainda de uma terceira. Quando fiquei grávida do Matt fiz todas as coisas que uma mulher naquele estado podem se dar ao luxo. Drenagem uma vez por semana, muito descanso, leitura sobre o bebê que iria chegar. Leitura, detalhe, sentada na beira do mar tomando um suquinho. E achando que não seria difícil colocar tudo aquilo em prática.
A barriga parecia que demorava a aparecer. Tiramos muitas fotos, desde o primeiro mês, algumas até profissionais. Nove meses que demoraram a passar.
Depois de dois anos e nove meses, eis que me vejo grávida outra vez. Só que dessa vez de uma maneira completamente diferente. Olho para baixo e vejo uma barriga imensa que mal vi crescer. Parece que foi da noite para o dia. Daqui a quatro meses terei mais um bebê em casa, aprontando todas. Ao menos agora tenho total consciência disso, de que eles aprontam mesmo de tudo e de que quase nada do que está nos livros se aproveita.
Na segunda gravidez, com um filho pequeno em casa, não se tem tempo para frescura. Cuida-se de um enquanto o outro assa no forninho. Nesse meio tempo me mudei de apartamento, tirei a fralda do Matheus, resolvi mil coisas sobre a casa que vamos construir. Drenagem comecei só agora, ainda não consegui descansar.
Tenho que considerar a hipótese de ter uma babá para quando o Gabriel nascer, coisa que abomino. Preciso organizar a festinha de três anos do Matt e também o chá de bebê do menorzinho.
Fotos tiramos algumas ontem, com quase cinco meses de gestação. Me pego pensando se isso tudo influi no que eu passo para o Gabi, mas no fundo acho que não. Sei que o amor de mãe é mais forte do que qualquer dificuldade. Nada mais é que a vida real.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

XIXI NO PENICO

Por que será que sempre que dizem que algo vai ser fácil é geralmente difícil?
O Matt, já com dois anos e quase sete meses, ainda estava na fralda. Como ele toma muito líquido, sempre imaginei que essa parte de tirar a fralda não seria fácil, mas as pessoas me diziam que era tranquilo, em uma semana estaria resolvido. Ã-hã.
Decidimos então, nós e a escolinha, que já era hora. Compramos todo o aparato para a empreitada. Penico, adaptador para o vaso e umas trinta cuequinhas.
Mas quem conhece sabe: ele é danado. Na escolinha foi uma beleza. Escapava um xixizinho por dia, se isso. Agora em casa a coisa é sempre diferente. Aqui ele não queria o penico e fazia tudo, eu disse tudo, na calça.
O que me disseram que em uma semana estaria resolvido levou quase dois meses. Cada vez que ele fazia na calça, sendo que o penico estava bem atrás dele eu dizia: "Ai, meu Deus!". Tenho que dizer que limpar o número um e principalmente o número dois do chão estando grávida não é das coisas mais agradáveis de se fazer.
E assim, como sempre, muita paciência foi necessária até ele se acostumar com a ideia de ficar sem fralda. Cada vez que fazia direitinho era uma festa, tchau para o xixi e todo aquele esquema.
Dois meses depois (fuiu!) agora é meu bebê quem não quer mais a fralda. Bate palmas para ele mesmo cada vez que vai ao penico, nem que faça só uma gotinha. E se por acaso algo escapa na calça, me olha de um jeito estranho e ele mesmo diz: "Ai, meu Deus!"

NÃO PUNA BANA

A hora do banho sempre foi uma diversão para o Matheus e o encarregado por esse momento é quase sempre o papai. No apartamento antigo havia uma banheira, não muito grande mas o suficiente para o Matt passar algum tempo se divertindo na água. E não eram só os dois na banheira, não. Tinha também os livros de banho, bichinhos de borracha e o que mais servisse para brincar.
Na mudança isso também mudou. Aqui só tem chuveiro e o banho ficou bem mais sem graça por esse motivo.
Nos dois primeiros dias ele ainda estava meio perdido, entrou e saiu. Mas quando se deu conta de que agora seria assim, resolveu que não queria mais tomar banho. A hora se aproximava e ele ia ficando desesperado. "Não puna bana!!!" que é como ele chama tomar banho. Ou não tomar banho.
Uma noite ele começou a chorar e espernear para não entrar no "puna bana". Já era tarde e falei para eles irem assim mesmo. Vi que os dois entraram lá achando uma péssima ideia. Se arrependimento matasse...
Eu estava na cozinha quando escutei um estouro. Corri para o banheiro e me deparei com o vidro do box estilhaçado no chão. O Matheus chorando e meu marido me olhando com um ar de "feliz agora?". Tudo bem, eu insisti, acho que mereci.
Ninguém se machucou mas vi que era preciso uma solução rápida para essa confusão toda. Por sorte hoje existe de tudo, né? Lembrei que em uma loja de decoração tinha visto um alfabeto de letrinhas de plástico, feitas exatamente para brincar no chuveiro.
Ah, o Matheus e as letras! Como diz meu marido, acabei salvando a hora do banho. Agora ele mal chega em casa e o pequeno já grita, feliz da vida: "puna bana, papai!"

terça-feira, 22 de novembro de 2011

CASA NOVA

Mudança é sempre uma coisa que deixa as pessoas um pouco assustadas. Quase ninguém gosta de mudanças, ainda mais quando se trata de algo que se está habituado e de que se gosta.
Meu marido é uma dessas pessoas. Para ele, a mudança indica sair do que ele se sente confortável e tranquilo. Para mim também não é fácil, principalmente quando se trata de mudança de planos. Então, para o Matheus as coisas não poderiam ser muito diferentes.
Para ele, tanto uma mudança de lugar quanto conhecer pessoas diferentes é um grande desafio. Ele reluta em sair do micro mundinho dele.
Depois de nove anos morando no nosso lindo e não muito grande apartamento, resolvemos que era hora de construir uma casa. Eu, quando pequena, sempre morei em casa e sei como é bom ter um jardim para passar a infância. O problema é que para isso tivemos que nos mudar pra um apartamento alugado e aqui vamos ficar até o final dessa empreitada que acontecerá daqui a uns dois anos.
Sim, existiu uma preparação. Viemos com o Matt no novo apê algumas vezes, explicamos tudo para ele que pareceu gostar da ideia. Dizia "casa nova" todo animadinho.
Mas ele é um romântico e gosta da ideia das coisas, não da coisa na prática.
Depois de três dias de caixas, móveis e roupas que nem sei por que guardamos finalmente nos mudamos. O humor dele já não estava dos melhores e no final do fim de semana ele falou: "pra casa!" e foi até a porta. Pronto, bem legal essa casa nova, agora quero voltar pra tudo que eu já conheci até hoje, meu quarto, minha banheira (que aqui não tem), meus brinquedos do jeito que eu deixei.
Quando viu que era assunto resolvido, caiu no choro. "Não casa nova" foi só o que ouvi pelos próximos três dias. Ele acordava, olhava em volta, vinha até a sala e...choro!
Se não foi fácil para nós deixarmos aquela casa que cuidamos com tanto carinho e onde passamos por tantas coisas, imagine para ele.
Como sempre, muita conversa, paciência e a ajuda da escolinha para fazer a cabeça do meu bebê.
Fotos tiramos muitas de lá. O engraçado é que apesar de tanto sofrimento, ele mal vai se lembrar da primeira casa. Porém, ela vai sempre fazer parte da vida que ele ainda tem pela frente.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

B, CONSONANT

É totalmente redundante dizer que hoje em dia as crianças são muito mais espertas do que há 20 ou 30 anos atrás. Todo mundo sabe disso. O interessante é que geralmente dizemos isso porque elas já nascem cercadas de aparelhos eletrônicos e que por essa razão são tão espertas. Concordo, mas esses dias li um artigo bem legal na revista CRESCER que me fez ver o assunto por uma outra perspectiva. O autor dizia que as crianças não são como nós, que com o tempo de vida vamos ficando mais medrosos, com receio de errar, principalmente na frente dos outros. Elas, as crianças, muito mais inteligentes do que nós, não têm esse medo bobo. Elas pegam um negócio que nunca viram antes e vão tentando desvendar sem nem reparar se tem alguém olhando.
Foi assim, sem nenhuma pretensão, que o Matt com cerca de dois anos e meio aprendeu não apenas o alfabeto em português mas também em inglês. Navegando um pouquinho toda noite no I-pad do papai, ele encontrou vários vídeos com crianças repetindo o alfabeto nas duas línguas e lá ficava falando sozinho.
Eu e meu marido só de olho no que ele procurava, até que ele diz uma noite: "B, consonant". Eu achei que não tinha entendido direito, mas ele falou "C, consonant", "A, vowel". Tudo bem, não é "vowel", a pronúncia dele é "valho".
Então, ele diz o alfabeto inteiro e sabe muito bem quais são consoantes e quais são vogais. Posso dizer que como teacher de inglês conheci muita gente que não sabe o que é "vowel" nem o que é "consonant".
Não preciso nem dizer, né?? Very proud of my baby.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

CHEERLEADERS TUPINIQUINS

Tem algo que tem chamado cada vez mais minha atenção conforme passa o tempo. São aquelas pessoas que sentem uma necessidade absurda em serem o centro das atenções. Não sei se isso fica mais esquisito depois que se completa trinta anos mas fico observando principalmente as mulheres que são (ou se fazem de, acho isso mais provável) originais, maluquinhas, verdadeiras mulheres supersônicas. Estão em todas, desde o US OPEN até o Rock in Rio.
Fazem coisas que fazíamos quando tínhamos dezessete anos. Gostam que todos falem delas. Curtem todos os estilos musicais, desde country até heavy metal. Cheerleaders tupiniquins.
Até um tempo atrás, sentia repulsa por esse tipo. Hoje sinto um pouco de pena, uma vez que deve ser tão cansativo ter que se autoafirmar constantemente para o mundo. Ter que sempre ser a líder de outras mulheres que também não têm muito o que fazer com o seu tempo. Organizar jantares, festas infantis, animar casamentos, uma trabalheira sem fim. E mais, postar tudinho no Facebook.
E elas tem filhos, muitas delas. Não sei de onde conseguem tanta energia. Tenho só um e já fico exausta no fim do dia, com ânimo apenas para ir numa pizzaria, não numa festa de arromba.
Têm umas cinquenta "amigas verdadeiras" e quase todas carregam a mesmíssima bolsa e têm o mesmo corte de cabelo. Sem competição, é claro.
Que herança será que ficam para essas crianças que convivem nesse mundo? O que realmente importa já quase nem importa. Mas a aparência sim, essa não pode faltar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

DE LUA

Sempre achei bem difícil lidar com as pessoas que são "de lua". Ótimo humor num dia e no outro quase desligam o telefone na sua cara.
Eis que ninguém menos que o meu Matheus é assim também. O dia dele tem que começar bem lentamente. Ele não é de pular da cama às cinco da manhã, como o pai. Graças a Deus! Acorda mais tarde e não dá para apressá-lo muito, nem que eu esteja atrasada.
Depois de acordado, pelo menos meia hora antes de sair da cama. Antes de mais nada, muitos abraços para a mamãe. Talvez uma bolachinha na cama mesmo. Então, ele vem andando lentamente pelo corredor até chegar na sala. Aí toma seu Choco Milk e assiste um pouco de TV.
Nem pensar em trocar de roupa ainda. Muita calma nessa hora. Só uns vinte minutos depois é que troco o pijama pelo uniforme, ainda sem o total apoio do meu pequeno.
Quando ele já acorda conversando, tudo bem. É bom humor. Se ele acorda mais quieto ou resmungando, lá vamos nós. Tudo pode acontecer.
Claro que sou suspeita, mas para mim ele é a melhor criança do mundo. Aprendi a respeitar o tempinho dele. Tem coisas na vida que estão fora do meu controle, só entendi isso sendo a mãe do Matheus.
Além do mais, ele sempre nos surpreende. A "tia" da escolinha diz que ele é uma das crianças mais doces e amorosas da turminha do Infantil 2. Sempre participa das atividades e parece orgulhoso quando pode mostrá-las para nós.
Ele é de lua. Mas a lua dele é sempre aquela mais bonita, cheia, antes de chegar no alto do céu.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

TRÊS DIAS PARA NÓS, OS OUTROS PARA ELE

Se tem uma coisa na qual acredito piamente é que todo e qualquer casal precisa de um tempinho a sós às vezes. Esse tempo diminui drasticamente depois do nascimento dos filhos e cabe aos dois fazerem um esforço para que isso aconteça.
Meu marido e eu sempre fomos adeptos de uma boa D.R. Não aquela discussão de relação acusativa e sim como um enxerga o outro, nosso futuro, coisas assim.
Com planos de viajar, despachamos o Matheus para passar o feriado prolongado na casa dos avós em Ponta Grossa e apesar de sentir a falta daquele danado o tempo todo, eu e meu querido conseguimos nos reconectar um pouco. O tempo mudou e resolvemos não ir à praia e curtir as coisas que adoramos na nossa cidade.
Mas claro, o filho é o assunto da maioria das conversas. Ficamos refletindo como aquela coisinha tão pequena pode demandar todo o nosso tempo. Conversamos sobre a personalidade e a educação que estamos tentando passar para ele. Como os nossos atos afetam a vidinha dele. Se deixamos ele passar muito tempo na frente da TV. E chegamos sempre a uma conclusão, que o importante é ele ser feliz e tentar aprender com as frustrações óbvias da vida.
Sem ele em casa fica um vazio absurdo. Nenhum brinquedo no chão, a TV miraculosamente desligada, nenhuma mamadeira na pia. Uma paz um pouco perturbadora.
Em momentos assim é que me lembro do quanto um casamento depende de boas conversas, de coração aberto, de silêncios confortáveis. Só espero ainda estar fazendo questão disso daqui a trinta anos.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

TOLERÂNCIA ZERO

Carrinhos, jogos de montar, trenzinho, triciclo...nada disso realmente chama a atenção do Matheus ultimamente como a tecnologia doméstica. Ele mal chega em casa da escola e já começa: "sapo, xuxa, dodô, inha!!". Entre alguns outros.
O sapo é o principal. Sapo, pra ele, são os DVDs em geral pois tem música de sapo em tudo que é lugar. O i-pad, que um dia já foi do pai dele, também atende pelo nome de sapo. É só o maridão chegar que o pequeno olha pra ele e grita "sapoooooooo!!!"
A Xuxa, a quem eu jurei nunca me render nessa vida, é a nova febre aqui em casa. Detalhe: existem dez DVDs do XSPB. (Pra você que é leigo ou novato, Xuxa Só Para Baixinhos). DEZ. Até agora só comprei três, mas já vi que não vou escapar dos outros. E é deixando todo meu orgulho de lado que digo que a loira chata até que tem umas músicas bonitinhas pras crianças.
O Dodô é um pouco mais difícil de explicar, pois é o nome de um personagem dos DVDs do Baby TV. Uma série inglesa produzida para crianças pequenas que é uma graça. Nesses DVDs existem várias atrações, entre elas um grupo de amigos que são criaturinhas mais que estranhas, mas muito amáveis. O Dodô é uma delas, mas para o Matheus todos eles se chamam Dodô.
E a Inha, ninguém menos que a Galinha Pintadinha. A Miley Cyrus da geração dos bebês. É tão famosa que basta o DVD chegar nas lojas para os pais desesperados esgotarem o produto em questão de dias.
Havia um tempo em que o Matt assitia um DVD inteiro, antes de querer trocar por outro. Agora, porém, a coisa fugiu do controle. Ele pede Ihna, vê dois minutos, pede Dodô, vê um pouco, quer trocar de novo e assim vai. Tento fazer meu papel de mãe e falo que ele tem que escolher um e ver inteiro, mas não adianta muito.
Ao menos o Matt se diverte pra valer com os vídeos, dança, canta e gasta energia. Mas a tolerância do pequeno DJ é quase zero.

sábado, 9 de julho de 2011

FÉRIAS ESCOLARES

Essas são as primeiras férias escolares que eu e o Matt tiramos juntos. Eu explico: como sou professora de inglês, tirei o mês de julho de férias para ter mais tempo para o Matheus nas férias dele.
Na verdade, hoje foi nosso primeiro dia de "descanso" juntos. Mas é agora que começa o trabalho de verdade, ainda mais quando se trata de um menininho bem espoleta e (graças a Deus!) cheio de energia.
Como ontem ele foi dormir tarde (já eram mais de onze da noite) imaginei que hoje ele iria acordar tarde, mais tarde do que geralmente acorda, ali por nove da manhã. Porém, oito e meia já estávamos os dois acordados e não tão prontos assim para começar o dia. Digo isso porque nem ele e nem eu ficamos cem por cento se acordamos antes das nove. Um problema genético.
Levantamos então meio contrariados e já na troca de roupa vi que teria muita reclamação de manhã.
Afirmo com convicção que não é fácil trocar de roupa em criança nesse inverno polar que desceu por aqui! Tira pijama, põe ceroula, calça, blusa, outra blusa, blusa de lã, jaqueta, tênis e "chapéu". É assim que ele chama o gorro, e eu não sou louca de discordar, correndo o risco de ele não querer usar.
Assim, fomos até o MacDonald´s tomar o café da manhã, que correu bem até ele invocar com um outro guri que também queria brincar naquele brinquedão das crianças. O menino de quatro anos falou pro Matheus: "Não precisa ter medo". Depois me deu um olhar tranquilizador e disse que ele também tinha medo das crianças "mais velhas". Fiquei pasma, óbvio.
Na hora do almoço ele recusou tudo, de sopa de feijão a nhoque. Acabou comendo três pãezinhos com requeijão e um pouco de abacate. E cada vez que eu falava: "Matheus, não quero mais ouvir reclamação hoje!" ele me olhava brabinho de baixo pra cima com os braços cruzados. E até ficava sem reclamar por uns trinta minutos, no máximo.
Depois de muito lidar com seus DVDs, que são os únicos "brinquedos" que realmente interessam nessa fase avançada de quase dois anos e meio, era hora do piquenique que havia combinado com minha tia, meu primo-afilhado e sua namorada. O papai hoje tinha que trabalhar.
Duas e meia no parquinho do Barigui (parque, não shopping). Acho que ele precisava mesmo era de ar fresco e coca-cola pois depois de muito dos dois, o humor melhorou bem.
Passamos uma tarde super legal em família, ele brincou até cansar. Quando chegamos em casa meu amor já estava aqui, o que fez o pequeno se animar de novo...
Agora são dez e meia da noite e eu ainda escuto o papai cantar pro bebê dormir.
E esse foi apenas o nosso PRIMEIRO dia.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

"DAUGHTER"

O Matheus é uma criança que sempre me surpreende nos momentos mais inusitados. Esses dias na volta da escolinha, estávamos nós dois no carro escutando a rádio quando de repente começa a tocar "Daughter", do Pearl Jam.
Adoro essa música, como tudo do Pearl Jam e comecei a cantar alto pra ele que achou aquilo muito engraçado. Cada vez que eu cantava, talvez por ser em inglês, sei lá, ele se rachava de rir. E assim foi até o final da música. Então, foi ele que começou a falar "inha, inha!". Trata-se do ídolo maior dele, a Galinha Pintadinha. Ele queria que agora eu cantasse a música da Inha, que consiste basicamente em dizer có-có-có.
Eu tentei ignorar o pedido, uma vez que já escuto essa Inha umas cem vezes por dia em casa. Mas ele continuou, cada vez mais alto e animado. "Inha, Inhaaaaa!". Era como aquele povo que fica gritando "Toca Raul" em qualquer show que estejam.
Tudo bem, vai. Por filho a gente faz tudo mesmo....có-có-có-có-có-cóóóó....
Ele, feliz e animadíssimo com a música, cantou junto comigo todo o caminho de volta até chegarmos em casa. Subimos até o nosso apê e imediatamente ligamos o DVD da ave famosa. Cada coisa a seu tempo, um dia ele também vai curtir Pearl Jam comigo.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

COLÔNIA DE FÉRIAS

Quando o Matt ainda não era nascido eu já alardeava pra todos os cantos que quando ele fizesse seis meses eu já iria viajar pra algum lugar. Mais uma vez, me enganei redondamente. Com seis meses, o coitadinho estava saindo da fase das cólicas e ainda estranhava quase todo mundo que não fosse pai e mãe. Nem eu como mãe me sentia pronta pra deixar o meu filhote.
Depois que ele fez um aninho e eu achei que as coisas fossem ficar mais fáceis, ele entrou em uma outra fase. Aquela em que a criança começa a querer andar e isso durou mais de quatro meses. Difícil deixar com os avós assim. Além do mais, ele ainda não conseguia ficar por muito tempo longe da gente. Nem nós dele.
Foi quando ele fez dois anos que as coisas foram tomando um rumo mais tranquilo. O Matt começando a falar e a reconhecer bem as pessoas. Meu marido e eu precisando realmente de um tempo pra nós. Assim, decidimos finalmente viajar pra uma praia não muito longe daqui, de carro, caso precisássemos voltar rapidamente.
O Matt, no auge da paixão pelos avós, nem se deu conta quando os mesmos vieram buscá-lo aqui na minha casa pra passar os quatro tão esperados dias na sua cidade. Foi embora sem olhar pra trás.
Eu achava que na primeira noite longe dos pais, em outra cidade, ele fosse chorar. Mas não. Ele não. Acontece que quem chorou mesmo fui eu. Como há muito tempo não chorava.
Depois de sair jantar com meu querido, chegamos em casa e lá estavam todos os brinquedos do meu pequeno, espalhados pela sala. O apartamento num silêncio total. Fiquei até meio perdida sem ter ele pra cuidar e só me restou chorar muito, de saudades mesmo. Até cheguei a ficar na dúvida se no dia seguinte nossos planos ainda estariam de pé.
Mas nada como um dia depois do outro. No outro dia meu amor me acordou com café na cama (fazia muito tempo que não dormíamos uma noite inteirinha, só nós dois). Era meu aniversário e o dia estava lindo, nenhuma nuvem no céu. Minha mãe me disse que meu filho tinha dormido super bem, sem nenhum problema.
Aliviados, subimos no carro e passamos quatro dias revigorantes na nossa amada Floripa. Uma verdadeira segunda lua-de-mel.
Domingo a saudades era maior do que nunca. Tomamos o café da manhã e viemos direto pra Curitiba. Quando vimos nosso fofo chegando de carro com os avós com aquela carinha sapeca e risonha dele é que percebemos que fizemos a coisa certa no momento certo. Sem (grandes) sofrimentos pra nenhuma das partes.
Mas acho que uma coisa é certa, se for sempre assim, a colônia de férias na casa da vovó vai rolar todo ano.

terça-feira, 24 de maio de 2011

O FIM DA ERA DA PECA

A visita à dentista não só abriu nossos olhos para ter mais cuidado com as cáries que podem aparecer se os dentinhos não forem BEEEEM escovados como também para o uso da chupeta. A "peca", amiga de todas as horas. Companheira de viagem. Uma mão na roda na hora das reclamações. Imprescindível na hora de dormir. A peca foi parte da família desde sempre.
Mas os dias da pobre estavam contados. Uma semana depois do dia da anestesia para o tratamento dos dentinhos, resolvemos que era "agora ou nunca", uma vez que a doutora falou que a mordida do Matt já estava sendo prejudicada e que se tirássemos logo não traria problemas no futuro.
Como não estávamos perto de nenhuma data em especial pra fazer uma troca com o Noel ou o Coelho, dissemos que ele ganharia algo bem legal no próximo passeio, mas que a peca iria ficar na loja. Ele, no auge dos seus dois anos, não pareceu entender muito daquela conversa.
Começamos a missão numa segunda feira em que ele estava de ótimo humor. Isso sempre conta, e muito. Fomos ao shopping, comemos pizza, ele se esbaldando como sempre. Aí fomos à uma livraria que tem um espaço muito legal para as crianças e lá avistei algo que sabia que ele não iria resistir: um quadro negro com letrinhas coloridas de imã. Quando viu o presente, não quis saber de mais nada. Para o Matheus, que adora números e letras, era o ideal.
Assim, nos dirigimos ao caixa e falei pra ele: "você vai ganhar esse presente mas a peca vai ficar com o 'tio' da loja, tá?" Os dois, Matheus e o caixa, me olharam com a mesma cara. "Whatever, moça"
Quando voltamos pra casa, ele já estava "acabado". Banho, mama, escova de dentes e ...peca? Não, cama. Sem peca. Lá fui eu com o Matt para o começo de uma noite que ninguém sabia como iria acabar.
O começo não foi tão traumático quanto achamos. Pelo menos a parte de fazê-lo dormir. A confusão começou mesmo ali por umas 3 da manhã, depois que ele mamou um pouco de chá e, (OH MY GOD!) cadê a peca????
Esse menino procurou a dita pela cama inteira, nos olhando com desespero e perplexidade. Tipo: "Dá pra me ajudar aqui, por favor?!"
Depois de uma hora aos berros, eu disse BERROS, ele acabou dormindo de novo no colo do papai. Todos exaustos. Tudo de novo na duas noites seguintes.
Com o tempo ele foi se conformando e já faz um tempinho que não procura mais. Porém, a peca não fez apenas falta na vidinha do pequeno, mas na nossa também.
Não vou mentir. Era maravilhosamente reconfortante enfiar a chupeta na boca do Matt quando ele ficava chatinho e cansado. Ou então no meio da noite quando acordava sem motivo ou durante as idas e vindas de carro pra cidade dos nossos pais...
Bons tempos, esses da peca!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A CADEIRINHA DE FORÇA

Tudo começou com uma já atrasada visita à dentista pediátrica, quando o Matheus fez dois anos e um mês. Como de costume, foi só ele ver aquela criatura sorridente vestida toda de branco que desatou a chorar. Dentro do consultório, diversos tipos de brinquedos para distrair o pequeno paciente enquanto conversávamos com a doutoura, muito calma e tranquila.
A conversa levou uma meia hora e então, sem mais escapatória, era hora do exame. A primeira tentativa foi na própria cadeira que todos nós usamos quando vamos ao dentista, mas não rolou. Era como segurar um lambari dentro d´água.
A segunda e quase imprópria solução era uma pequena cadeira de força. Eu explico: a cadeirinha (toda estampada com o Mickey) segurava não só as pernas, mas as mãos e braços do bebê. Sem dúvida uma cena que nenhum pai gostaria de presenciar, mas não havia como examinar os dentinhos se não fosse assim. Sou testemunha disso.
Ali, diante de berros e mais berros a dentista pôde então fazer uma limpeza superficial e avistar duas cáries e muita placa.
Ai, Jesus....jurei que sempre limpamos a boca dele, desde bem pequeno, mas que escovar os dentinhos era mesmo bem difícil.
A técnica para isso é nada mais que segurar a criança e tacar escova adentro, pra escovar de verdade.
O problema do Matt é que ele já tinha as duas malditas cáries e foi necessário até anestesia geral pra fazer a retirada delas e uma limpeza mais profunda. No dia do casamento de Kate com seu Príncipe William, estavam dois ansiosos pais na sala de espera de um consultório esperando pelo seu bebê. Nesse procedimento, a dentista encontrou mais uma, o que nos fez esperar por quase três horas. Meu dia foi bem diferente do da Kate.
Agora todas as noites vamos para o banheiro escovar os dentes. Ele pega a minha escova e escova os meus. Quando chega a minha vez de fazer o mesmo ele não gosta muito e a ajuda do papai é quase sempre requisitada.
Quando lembro daquela cadeirinha de força, arranjo ânimo na mesma hora pra não passar por essa outra vez.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

FINALMENTE, O PIJAMA

Tudo muda na vida de um casal com filhos, até as roupas. Meu marido sempre reclama quando vamos sair de casa sem o Matheus, que já está todo amarrotado pelo pequeno que ficou chorando porque queria ir junto.
Na verdade, acho que o melhor para aqueles que têm filhos pequenos era usar "uniforme de pais", que consistiria em moletom e tênis. Vestimenta própria pra correr, rolar no chão, se sujar com a comida do filho e etc.
Claro que depois que o primeiro filho nasce, passamos a observar mais outros casais que estão na mesma fase de vida e é cada vez mais comum ver os amassados e suados papais correndo atrás da prole nos shoppings. Com o Matheus é assim. Ele chega e já sabe exatamente todos os lugares que gosta de brincar e as guloseimas que quer comer. E lá vamos nós atrás dele.
Também não se vê muitas mães vestidas com camisa por dentro da calça, usando cinto. Ah! e nada daquele "cardigan" colocado nos ombros, no melhor estilo ""Batel Soho". Assim só aquelas que têm babá. Sem contar o salto, que virou sapatilha ou no máximo, anabela.
Então, uma ou duas vezes por mês, chamamos a baby sitter e nos arrumamos como antigamente. Ele, perfume. Eu, meia calça. Olhando no espelho do elevador, porém, meu marido já diz que está todo amassado. Eu nem sempre tenho tempo pra achar aquele brinco que só uso pra sair.
Durante o jantar no restaurante, tentamos falar sobre outros assuntos mas o Matheus é sempre o principal. Uma hora e meia depois já é tempo suficiente para estarmos morrendo de saudades do nosso fofo e tudo que queremos é chegar logo em casa, enchê-lo de beijos e dormirmos todos juntos. De pijama bem confortável, claro.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

"XEÁ?"

Eis que finalmente nosso filhote está soltando a língua de vez. Com dois anos e quase dois meses, o Matheus agora resolveu que é melhor começar a falar e se dar bem do que fazer manha e não conseguir o que quer.
Como já contei aqui, primeiro foram os números, que ele ainda fala muito, até hoje. Tamanha é a sua pequena obsessão por eles que uma noite dessas o Matt acordou no meio da noite, disse "seeeiiishhh" e voltou a dormir imediatamente. O que será que sonha uma criaturinha dessas??
No caminho de casa para a escola é só o Matheus falando os números que vê pela cidade, às vezes até demoro pra enxergar onde é que ele está olhando. Placas de carros, números de casas, números de telefone nas placas de "aluga-se". Everywhere.
As vogais também ele já fala em ordem. Se bem que anteontem ele falou direitinho "a e i o u" e acrescentou um seteeeee no final. Claro, A E I O U, SETE. Pra ele deve fazer todo sentido.
Acho que tanto quanto os números ele só gosta de música. É um exímio dançarino, que já faz até as coreografias dos vídeos que vê. Sai dançando e rebolando de uma maneira mais que contagiante e fica observando se estão todos olhando aquela dança maravilhosa, pedindo aplauso. Canta várias partes das músicas com total convicção e, por que não dizer, talento.
Mas outras palavrinhas também já fazem parte do seu vocabulário, como "luz", que agora aprendeu a apagar e acender. "Boa noite" para os brinquedos na hora de dormir. "Abi" e "fechá", entre várias outras.
Porém, tem uma palavra que é especial, um hábito que ele herdou tanto de pai como de mãe. "Xeá". Eu explico. "Passear". O fofucho adora sair de casa e badalar. Às vezes acorda às 5 da manhã, me olha e fala "xeá!?" Totalmente aterrorizada, digo seriamente que ainda ele ainda tem que dormir bastante, nada de "xeá". Por ele, vamos "xear" todo dia.
Não...ele ainda não fala muito aquelas duas palavras, mas aviso aqui quando ele começar a nos chamar de papai e mamãe. Um dia...

quarta-feira, 23 de março de 2011

BATOM VERMELHO E CALÇA JEANS

Quando se está grávida não há outro jeito senão apelar pra roupas mais largas e confortáveis. No primeiro trimestre ainda dá-se um jeito com as roupas que se tem, mas depois....só há uma maneira: improvisar um guarda-roupa novo.
Quando estava esperando o Matheus reparei que havia uma loja própria para gestantes bem perto da minha casa. Não pensei duas vezes, lá fui eu comprar roupas de grávida assumida. O problema com essas lojas é que você acaba usando aquela roupa por pouquíssimo tempo e paga-se bem caro por elas. Ainda não entendi porque uma bata precisa custar mais de cem reais se for para uma gestante.
Depois de um tempo de gravidez, lá pelo sexto mês, me dei conta que não era preciso gastar tanto. É óbvio que é possível encontrar ótimas roupas de todos os tipos nas lojas mais populares, como C&A e Renner.
Como meu último trimestre foi no verão, adquiri vários vestidos, batinhas, saias e aquelas sandálias baixinhas e confortáveis.
Ah, nada como o conforto de uma gravidez. Nada de jeans apertado ou blusas que a gente precisa encolher a barriga. Nada daquelas sandálias de salto alto que fazem a gente perder o equilíbrio nas calçadas de Curitiba.
É só colocar aquele vestido larguinho ou aquele moletom de fim de semana que está tudo certo. Certo?
Pois vou dizer, erradíssimo.
Uma das coisas que eu mais queria no final da gestação e nos primeiros meses com o Matt em casa era entrar de novo nas minhas antigas calças jeans, colocar uma sandália super desconfortável e um lindo batom vermelho.
Demorou um pouco, mas cheguei lá. Nesse dia feliz, fui jantar com meu querido em um restaurante "hip" e me senti novamente parte do mundo real.
Às vezes não tem como a gente não concordar com os homens....afinal, quem entende realmente as mulheres?

domingo, 13 de março de 2011

SETEEEEEE

É difícil de acreditar, mas meu filho aprendeu os números antes mesmo de aprender a falar. Como sempre foi muito curioso e observador, os símbolos chamam bastante a sua atenção.
Tudo começou com o empenho do sempre atento papai que brincava com o Matheus com um brinquedo de montar, que da peça maior até a menor forma uma torre. Cada peça tem um número do 1 ao 10.
Era um sábado à tarde e eu no outro quarto ouvia a brincadeira. O papai falava os números e o pequeno tentava repetir, até que acabou conseguindo balbuciar alguns deles.
Depois veio um outro brinquedo dado pelos avós que consistia numa caixinha de madeira. Lá dentro estavam os números e objetos indicando quantidades. Mais um passo para o aperfeiçoamento do Matheus. Esse brinquedo viajou junto até para a praia e lá ia ele repetindo dia e noite.
Nossa última semana de férias foi em Ponta Grossa, na casa dos meus pais. Lá também mora o tio Bulu, que contribuiu com o terceiro e derradeiro brinquedo numérico: Uma sacolinha de plástico cheia de grandes e coloridos números de borracha. Sucesso total. O pequeno amou.
Praticou tanto que acabou falando a sua primeira palavra perfeita, o "sete". Era "seteeee" pra cá e pra lá o dia todo. Ele procurava o sete no controle remoto, nos relógios da casa, nos descontos das vitrines do shopping. Se acordava feliz, a primeira coisa que falava era "seteeee".
Tudo bem, ele mal fala "papai" e "mamãe" ainda. Mas não faz mal, nessas férias o "sete" alegrou as nossas vidas.

MATT NA PRAIA

Levar o Matheus pra praia esse ano foi bem diferente do ano passado. Quando tinha um aninho só, ele abriu o maior bocão ao ver todo aquele mar barulhento e aquelas pessoas naquele lugar esquisito. Esse ano não.
Como viajamos novamente em uma época bem mais tranquila que a alta temporada, a praia e o hotel estavam bem sossegados. Na verdade, nos últimos dias estávamos só nós e uma outra família. Perfeito.
Como no ano passado, meus pais também foram curtir o netinho em seus dias de férias. Nossos quartos ficavam no mesmo andar e a primeira coisa que o pequeno fazia ao acordar era correr até o quarto dos avós. Aí voltava pra colocar o calçãozinho e passar MUITO protetor, que ele adora e ajuda. Então íamos todos para um belo café da manhã e depois...praia!
Entretanto, essa parte tinha um pequeno obstáculo. A areia fofa. Matheusinho não gostava de enterrar seus fofos pezinhos nela e era levado no colo até a areia mais lisa. Lá, ia aos poucos se acostumando com a ideia daquela "coisa" em contato com os pés. E logo já estava na beira do mar, fazendo a maior farra.
Na volta, quando era inevitável pisar na dita areia, corria para o colo da vovó e tentava tirar grão por grão, sendo logo socorrido por uma toalha.
Ás vezes ele mesmo cansava da praia e se dirigia à piscina da pousada, o que fazia todo mundo sair correndo atrás do menino.
A comida que mais fez sucesso esse ano foi o milho cozido. A surpresa foi o camarão à milanesa, que ele adorou. O empenho foi o mini-bar do apartamento, cheio de refrigerantes de todas as cores. Mas estávamos em férias e isso inclui nosso bebê também, né? Tivemos que liberar um pouco.
Os seis dias passaram mais uma vez voando. Tão pouco tempo pra esperar mais um ano inteiro. Com certeza ano que vem o Matheus já será uma criança totalmente diferente da que levamos esse ano.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

PERDA

Uma vez minha mãe me contou que engravidou de novo um pouco depois que eu nasci, mas que acabou perdendo o bebê. Um aborto espontâneo, como dizem. Lembro que na época não dei muita importância ao fato. Várias vezes escutei mulheres contando a mesma coisa. Uma amiga bem próxima também passou por isso, mas como o aborto espontâneo geralmente acontece bem no começo da gravidez, não parece trazer grandes traumas.
Mas traz. Não trauma, mas a tristeza profunda de perder um bebê que já fazia parte da sua vida. Não por ser a perda de uma história, mas sim de toda uma expectativa. De todos os planos que são feitos ao longo de dez semanas.
Acho que as mulheres se fazem de forte, até para tranquilizar os que as amam nessas horas. Minha amiga falou que na hora da curetagem, teve a sensação que iam lhe amputar um braço. A sensação é essa mesmo, de que vão tirar algo que faz parte de você, que te pertence, que você não quer tirar.
Levei um certo tempo para me acostumar com a ideia de que não estava mais grávida, que meu bebê não ia mais nascer no final de agosto, que vou ter que deixar as roupinhas que ele ou ela ganhou para o próximo bebê, quando ele vier.
O que eu posso afirmar, com segurança, é que tenho muita sorte por ter pessoas maravilhosas na minha vida que me ajudaram a passar por esse momento. Em especial, muito especial mesmo, meu Matheus com seu sorriso cheio de espontaneidade e seus abraços de ursinho. Como sempre comento com meu marido, o Matheus é tudo.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

AFINIDADES

Se existe algo que pode realmente conectar a gente com outra pessoa são as afinidades. É possível ter afinidade com quem você mal conhece. Basta uma só conversa e dá pra sentir os santos batendo um "high-five". Já outras você passa a vida tentando entender, mas as diferenças falam mais alto.
Uma das pessoas com quem mais tive afinidade na vida se chamava José. Afinidade não tem idade. Ele era pelo menos cinquenta anos mais velho do que eu, mas isso nunca fez diferença.
Também não era das pessoas mais fáceis de se conviver. Tinha um jeito muitas vezes estressado. Eu e ele tivemos nossas brigas pois eu também posso ser bem teimosa às vezes. Ou como dizem meus irmãos, uma ararinha.
Não importava se era a inflação ou o tempo chuvoso, quase tudo era culpa do governo. Ficava fulo com coisas que não podia controlar e isso nunca fez bem à sua saúde.
Foi com José que eu vi E.T. no cinema pela primeira vez. Foi ele quem me levou aos Estados Unidos, maior sonho da minha vida de criança. Foi ele quem me ensinou a gostar de Agatha Christie.
Quando morávamos na mesma cidade, aparecia em casa todas as manhãs. Ele às vezes levava algo pra mim, como um brinquedo quando era eu mais nova e depois de adulta uma revista ou algo assim. Eu às vezes fazia para ele um bolo de fubá ou laranja, seus preferidos.
Foi uma segunda cirurgia no coração que levou meu avô querido. Minha mãe diz que ele só estava esperando por mim para finalmente se despedir no hospital. Acho até que era verdade, pois ele se foi logo depois.
Fiz um bolo para levar pra ele naquele dia, acho que era de fubá. Não queria aceitar o que estava para acontecer. O doce era um jeito de dizer: "Você não pode ir ainda, fiz um bolo pra você".
Ele se foi há seis anos e eu sinto a sua falta todo dia. Mas sei que é ele quem olha pelo meu filho e agora meu novo bebê, reclamando lá do céu.

domingo, 16 de janeiro de 2011

PONTO FRACO

Como todo mundo, também tenho um ponto fraco: o vinho. Pra mim, é realmente difícil abrir mão dele. O vinho faz parte do ritual de uma boa refeição, seja ela com o maridão ou com os amigos. Como é boa a sensação de sentar-se em um restaurante, o garçom abrir a garrafa na sua frente e tomar aquele primeiro gole, sentindo o aroma e o sabor tão característico.
Diante de uma garrafa de vinho tive dezenas de conversas que decidiram, bem dizer, o futuro da minha vida. Muitas vezes planejando o futuro com meu querido, ou então tendo uma bela D.R. Outras mil conversas existencialistas com os amigos de longa data. Outras só falando muita bobagem mesmo. Apesar do vinho, lembro de quase todas.
Por isso fica óbvio como é difícil pra mim não mais beber uma taça de vinho quando estou grávida. Ai, ai. É difícil! É como se um jantar perdesse metade da graça sem ele. E sempre fico na dúvida. O que vou pedir? Não gosto muito de refrigerante, e tomar suco com um belo prato de cordeiro com massa é realmente deprê. Não é?
Quando fiquei esperando o Matheus foi pior. Era inverno, eu não tinha filhos e as festas aconteciam semanalmente, assim como os jantarzinhos. Foi mesmo uma desintoxicação.
Dessa vez tem sido mais tranquilo, está quente demais e como prefiro vinho tinto ao branco, estou mais conformada. Com o Matheus, temos ido muito mais a restaurantes do tipo pizzaria ou de qualquer coisa que não demore muito para ser servida. Nada de entrada e sobremesa. "engoliu a pizza, querida?" "Sim, meu amor, sua vez".
Tudo pelos bebezinhos.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O SEGUNDO PRIMEIRO DIA

Hoje foi o segundo primeiro dia de escolinha para o Matheus. Explico: hoje ele foi para uma outra sede da mesma escola que ele "estudou" no ano passado, ou seja, lugar novo, tia nova, tudo novo.
Confesso por mim e por meu marido que estávamos um pouco ansiosos, pois passamos três semanas de férias no bem-bom da casa dos avós no interior do Paraná, com direito à piscina, batata frita, refrigerante, gaveta de chocolates, mimos de todos os lados.
Mas chega um momento que até um menininho de um ano e onze meses tem que voltar pra vida real, e isso inclui a volta "às aulas".
Chegamos em Curitiba no domingo e segunda feira acordamos mais cedo para o primeiro dia. Depois do café da manhã tradicionalíssimo em família, era hora de deixar o Matheus viver suas novas e emocionantes experiências na escola, que agora não é mais berçário, mas sim "infantil".
Ai, ai, o que posso dizer? A primeira fase de "estudos" da nossa coisinha fofa já tinha ficado para trás. Ele ia agora passar para outra etapa da sua vidinha.
Chegamos os três às onze da manhã e ele pareceu gostar do lugar, repleto de brinquedos que qualquer criança gostaria. A tia era um rosto conhecido pra ele, pois ela tinha passado um tempo no berçário. Ela o levou pra ver os brinquedos e nós dois ficamos conversando com a nova diretora, que fazia seu papel de acalmar os pais e dizer que estávamos fazendo a coisa certa.
Quando o Matheus deu pela nossa falta, chorou. Mas, dessa vez, diferente do ano passado, não durou muito, nem ficou tão desesperado.
Mais tarde quando fomos buscá-lo, encontramos um menino suado, sorridente e animado,que distribuiu sorrisos e beijos para todos na hora de ir embora. Coisa que não acontece muito.
Enquanto escrevo estas linhas ele dorme um sono profundo, ou apenas o sono merecido de quem estava precisando de férias das férias.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A NOVA BOLINHA

Se tem uma coisa que eu tinha certeza era que se eu engravidasse de novo, iria tirar de letra. Eis que dia 31 de dezembro resolvi fazer um teste de farmácia, devido a um atraso de mais de três meses. Quando vi os dois risquinhos cor de rosa, quase tive um ataque do coração. Mais um bebê? Sim, estávamos tentando. Não, não deveria ser nenhuma surpresa, mas repito, quase caí de costas.
A diferença é que dessa vez não esperei até de noite pra contar para meu marido, que descansava tranquilamente com o Matheus na rede na casa da minha mãe, onde estávamos passando parte das férias. Cheguei com o bastãozinho e disse: "Feliz Ano Novo, querido!". Ele me olhou atônito e me beijou. Se eu tinha certeza? Bom, os testes de farmácia raramente dão errado, mas o beta de laboratório era imprescindível.
O resultado saiu dali umas duas horas, e indicou que estava grávida de umas quatro semanas.
Tudo indica que não, eu não vou tirar de letra. Na primeira gravidez tudo é novidade. Você pode sentir o enjoo matinal tranquilamente, comer bolachinhas antes de levantar da cama, tudo feito lentamente. E com um menininho de quase dois anos, que às vezes acorda de bom humor e às vezes não muito? Que você tem que vestir, escovar os dentinhos, tentar fazer comer alguma coisa, levar pro carro, colocar na cadeirinha, junto com toda a tralha, até deixar o pequeno na escola?
Certamente não poderei me dar ao luxo dessa vez de me sentir uma grávida com direito a todos os incômodos sintomas do começo e desconfortos do final. Hoje tenho filho pra criar, não dá pra ter frescura!
O jeito é incorporar o lema de Obama e pensar "YES, WE CAN!". Meu querido diz que não tem erro, vamos nos sair super bem. Adoro o otimismo dele, é o que me dá força e segurança sempre.
Hoje fomos fazer o primeiro ultrassom, e lá estava a bolinha dentro da outra bolinha, tão pequena que nem o coraçãozinho batia ainda. Mesmo sabendo de todo o trabalho que a micro bolinha vai nos trazer, a felicidade é imensa. Agora nossa família está completa. É só curtir.