terça-feira, 29 de junho de 2010

O CACHORRO-GATO

Não me considero uma pessoa muito supersticiosa, mas se tem uma coisa que sempre me espanta é o cachorro-gato.
Na verdade, trata-se de um bicho com aparência de cachorro, late como um cachorro, mas com certeza tem a destreza de um gato. Esse animal só aparece em dias como o sábado do último fim de semana, dias perfeitos.
O cachorro-gato vive em uma casa pela qual sempre passamos quando saímos sábado de manhã. Se o dia vai ser muito bom, lá está ele, andando habilmente em cima do muro estreito da casa, como se fosse um gato.
Depois de quase dez dias gripado, o Matheus finalmente melhorou. E mais, dormiu bem por uma semana inteira. Não preciso nem dizer que o humor dele, consequentemente, também fica muito melhor, o pequeno nunca “conversou” tanto como no último fim de semana.
Sendo assim, saímos cedo pro café da manhã, que ele comeu com vontade. Depois, Parque Barigui para o pequeno sentir um pouco do ar puro e ver o sol, tão difícil nessa época do ano. Vale dizer que um passeio no parque é o máximo de ‘vida selvagem’ que eu e meu marido agüentamos. Andamos pela grama úmida meio ressabiados e ‘tentamos’ até jogar bola, com o Matheus nos olhando e na certa pensando: ”Mas o que esses dois estão tentando fazer?”. Depois fomos ver os patos, mas achamos melhor não chegar muito perto. “ Vai que os bichos não estão de bom humor e resolvem nos atacar??” Mais tarde, almoço na feirinha, cochilo em casa, sorvete, passeio no shopping preferido dele. (Sim, ele já tem um shopping preferido!). Depois de subir e descer umas dez vezes a escada rolante, atividade favorita do Matheus no shopping, achamos que era hora de encerrar o dia.
Chegamos em casa com o pequeno ainda animado, depois de brincar mais um pouco e jantar, demos o banho e ele dormiu.
Mais uma vez, o cachorro-gato acertou em cheio.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A TERCEIRA PALAVRA

Imagino eu que em noventa e nove por cento dos casos, a primeira palavra que um bebê diz é “mã-mã” ou “pa-pa”. Lá em casa, para minha total surpresa foi “pa-pa”, pronunciada pelo Matheus quando ele tinha apenas onze meses. Ele olhou bem para o pai e falou, não resta nenhuma dúvida.
Claro, essa é uma palavra que, além de mais fácil de falar, tem duplo sentido. Pode ser “papai” ou “papá” mesmo, de comida. Pelo menos foi esse o jeito que resolvi me auto enganar, e não passar o dia em um quarto escuro me perguntando “POR QUÊ?”.
O “mã-mã” veio quase dois meses depois, finalmente. Nunca me senti tão mãe quanto naquele dia. Era eu mesma, “mã-mã” do Matheus! De lá pra cá, muitas foram as variações dessa palavra: mã-mãe, mã-mi, mã-mã-mi. Tudo bem, o “mã-mã” veio depois, mas ele não parou mais de falar.
O que me surpreendeu mesmo foi a terceira palavra. Com certeza a mais inusitada de todas. Acho que nenhum pai ou mãe imagina que essa será a próxima palavra do seu filho.
Estávamos eu, meu bebê e minha mãe na cozinha da casa dela.Os avós moram em outra cidade e o netinho adora passar os fins de semana lá. Acordamos um sábado de manhã e a vovó disse: “Oba! Vamos tomar café da manhã?”. Não é que se escuta o pequeno dizer: “oba-oba-oba-oba-oba-oba-oba!!!” Nos olhamos e rimos muito da felicidade do Matheus à espera do café, a ponto de dizer “oba”.
Talvez esse seja um dos melhores aspectos da maternidade. Se você gosta de surpresas, esteja preparada para muitas.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

MÃE/AVÓ

Foram três as vezes somente nesse mês que fiquei na dúvida se aquela mulher que estava com o bebê era a mãe ou a avó. Como aprendi com meu marido e hoje sou uma pessoa bem mais sociável do que antigamente, comecei a puxar conversa e não é que as três eram avós?
Segunda feira foi na escolinha do meu filho. Estava comigo esperando uma mulher loira muito bonita, cabelo impecável, salto altíssimo, impossível de determinar a idade. (Hoje em dia quem realmente tem a idade que parece?). Quando a garotinha por quem estava esperando chegou, já vi que era avó. Elas têm um jeito todo dengoso de falar com os netos e os deixam fazer praticamente tudo.
Quinta feira foi no mercado. A avó pegava tudo que o menino pedia, de chicletes a miojo. Avó, com certeza. Puxei conversa e disse que o meu Matheus não fica muito tempo no carrinho de mercado, e ela já arrematou: -Minha neta mais velha também não! Esse aqui é mais calminho...
Bem no começo do mês estávamos os três em uma boulangerie e chegou um casal com um gurizinho da idade do Matheus, a avó queria pôr a blusa, mas o menino, fazendo manha, dizia nã-nã. Claro, avó. A mãe já iria enfiar a blusa no garoto, ele querendo ou não. Meu sempre simpático marido achou que eram os pais e no meio da conversa eles disseram: “Somos praticamente os pais, pois ele passa mais tempo com a gente do que com eles!"
Mães que têm filhos cada vez mais tarde e avós que parecem cada vez mais jovens. Mães que não têm muito tempo (nem paciência). Avós que não fazem nega maluca. Não dá saudades da nossa infância?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

VEREDITO:CULPADA

Dez e meia da manhã. Dia lindo mas frio em Curitiba. Acabo de deixar meu filho na escolinha, mesmo um pouco resfriado, depois de mais uma noite mal dormida. Foi dormir às onze, acordou às seis, ficou quase só no colo até às dez da manhã. Teve uma febrinha à noite.
Minhas costas em frangalhos. Pensei, pensei, liguei para o marido, resolvi levar. O Matheus ficou surpreendentemente bem, dado o estado manhoso em que se encontrava. Conversei com a diretora/psicopedagoga/amiga, que me tranqüilizou. “Se a cada coriza os pequenos não viessem pra escola, não viriam nunca”. Verdade, principalmente numa cidade como essa, onde as estações não se definem, não é incomum fazer frio e calor no mesmo dia.
Mesmo assim, me senti culpada. É inevitável, a culpa nasce assim que você se torna mãe. A dúvida de sempre: “Será que estou fazendo o que é certo, pelo menos na maioria das vezes?”. Ainda não conheci ninguém que estivesse livre disso, que tivesse certeza dos seus atos.
Como mães, somos também bem mais suscetíveis aos mil palpites e perguntas que todas as pessoas têm em relação ao nosso filho, mas que não conhecem a nossa realidade."Ah, você não amamentou MUITO tempo, né?”, “Ele tinha SÓ vinte dias quando saiu com ele a primeira vez?”, “Mas JÁ colocou na escola?”. E lá se vai a culpa crescendo...
A verdade é que, mesmo se tornando mãe, a mulher continua tendo uma identidade, por mais egoísta que essa idéia possa parecer. O filho vai vir sempre em primeiro lugar, mas não é por isso que a nossa própria existência deixa de acontecer, mais ainda, de ter importância. E isso é às vezes bem difícil de assimilar. Nos julgamos o tempo todo, nos questionamos numa tentativa exaustiva de justificar todos os passos que damos como mães.
Com certeza, isso não fará nossos filhos mais felizes. E não é essa a maior finalidade das nossas vidas?

sexta-feira, 4 de junho de 2010

REHAB

Sei que é difícil de acreditar, mas meu bebê de 1 ano e pouco mais de 3 meses se encontra em período de reabilitação. E, tadinho, está passando por maus bocados.
Se você tem filhos, com certeza já ouviu falar em um produto tão antigo quanto popular: a funchicórea. Ou funchi, como chamamos aqui em casa.
Lembro da minha mãe contando quando eu estava esperando o Matheus que no tempo dela se usava um pozinho rosa horrível que manchava todas as roupas do bebê. Coisa de tempo antigo, coisa que só as avós usavam.
Ainda estávamos na maternidade quando a pediatra indicou o mesmo pozinho, pois acalmava e ajudava nas cólicas....olhei com espanto pra minha mãe: “Ué? Como assim? Não é esse o negócio que NÃO era pra eu usar??”
O potinho com certeza ainda é o mesmo de 1960, a tal funchi ainda continua manchando as roupas, mas hoje existem produtos de remoção de manchas bem mais eficazes do que naquele tempo, então, lá foi o mamãe do Matheus e deu o pozinho mágico ao bebezinho. Confesso que graças à funchi tivemos viagens de carro mais tranqüilas e alguns minutos a mais dormidos por noite. Ou seja, já valeu a pena.
Um ano e quase quatro meses depois, pelo menos uns dez potinhos usados, resolvi que já é hora do meu bebezão partir pra outra e deixar o vício. Sim, pois os olhinhos do pequeno brilham só de ver o tal potinho!
Ele tem resistido bravamente, mas não posso negar que vou sentir uma saudade imensa de quando ele pegava a chupeta E a funchicórea na mesma mão e chacoalhava, na tentativa frustrada de imitar o gesto dos pais e adoçar a boquinha. Ou então de quando ele me via fazendo esse mesmo gesto e começava a dar uma risada malandra, do tipo “ Vou me dar bem!”
Enfim, passou-se a fase da funchi....só posso concluir que meu bebezinho está crescendo. Espero que as outras fases não passem tão rápido assim.