sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A "DRONCA"

Um certo dia chegou um menininho chamado Gabriel na casa de papai e mamãe e acabou com o então reinado de Sua Alteza, o Matheus. Mais do que nunca foi necessário que os pais desse menino Matheus chamassem a atenção dele, pois sorrateiramente ele dava uns trancos no irmão recém-nascido. Algumas broncas a mais ele teve que levar, pois havia vezes em que ele se descontrolava e queria dar um sumiço nesse bebê. Conversas no quarto e castigos, mais do que nunca. Com pena, claro, muitas vezes, pois só os pais desse garoto sabiam o que ele estava passando. Filho único por três anos, tudo pra ele. Toda a atenção. E agora, muita coisa ia mudar. Ele não demorou a perceber. Um belo dia, Matheus resolveu fazer a coisa inversa e nos colocar no lugar dele. Chegamos da escola e ele me levou para o seu quarto, onde me mandou pensar no que eu tinha feito e que ele iria me dar uma "dronca". Ele me passou um brinquedo aleatório e disse: "Essa é sua 'dronca!'" Confesso que não entendi a lição da 'dronca, mas vi que ele quis que eu percebesse como se sentia quando repreendido. Fiquei lá por uns cinco minutos e perguntei se podia sair. Ele disse que ainda não, mais três minutos. Quando a "brincadeira" acabou, ele fez o mesmo com o pai que chegou um pouco mais tarde. Outro brinquedo, outra "dronca" para ele. Pensando nisso hoje, acho que naquele dia ele queria se sentir um pouco no controle da situação, pois desde esse dia ele tem tentado ser mais dócil com o irmão, que morre de amores por ele.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

DOIS MENINOS

A correria atrás dos meus dois garotos até agora me impediu um pouco de escrever qualquer coisa que seja. Eles não poderiam ser mais diferentes, o Matt e o Gabi. O Gabriel chegou no dia em que a cesárea havia sido marcada. Tudo certinho, bem mais fácil dessa vez. Bebê no quarto no mesmo dia, saímos juntos da maternidade para mais essa empreitada. O Matt nunca achou que um bebê iria realmente sair da minha imensa barriga. Mas saiu. Ele, no começo "aceitou" a ideia, com certeza achando que aquilo era algo temporário. Ignorava o serzinho que tomava muita da nossa atenção e às vezes se punha a berrar. Na terceira semana, o mais velho surtou de vez. Toda revolta e ciúme do seu coraçãozinho vieram à tona e ele não podia mais ouvir falar em Gabriel. Soube pela tia da escola, que sempre perguntava a ele como estava o irmão, que depois de um tempo ele nem esperava mais a pergunta. Dizia: "O Gabriel tá bom", já para encurtar a conversa. Os meses foram passando e o Gabriel tem se revelado um bebê muito risonho e bem humorado, louco pela atenção do (meio-indiferente) irmão. Eu acredito muito que tempo muda tudo e nas últimas semanas senti que o coração do Matt já não é uma pedrinha de gelo. O sorriso banguela do Gabi tem conquistado seu resistente irmão, pouco a pouco. Ele vê o seu olharzinho de afeição e tem incluído o menor cada vez mais nas suas brincadeiras. Claro que o ciúme ainda existe, talvez um resquício dele nunca desapareça. Porém a oportunidade de ter esses dois meninos com personalidades tão diferentes nos faz crescer ainda mais como pais, como pessoas. E não, apesar de o Digo até tentar me convencer, ninguém aqui vai ter uma menininha!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

22 HORAS

Faltam umas vinte e duas horas para meu segundo filho chegar. Assim sendo, hoje é muito provavelmente o último dia em que vou estar grávida na minha vida. Amanhã o Gabriel chega e com ele muita felicidade e muito trabalho.
Todo tipo de pensamento e sentimento aparece dentro de mim. Vou ser mãe de novo, vou ter mais uma imensa responsabilidade nas minhas mãos, outro ser vai depender de mim e do que eu ensinar a ele.
Qual a melhor maneira de educar um filho? De não ser vencida pelo cansaço? De ser um modelo para alguém? Será que isso é realmente possível? Ser consistente e persistente. Dar o exemplo de tudo que se diz.
Não é algo que se faz pela metade. Não existe uma hora certa para ter um filho. Ele vai sim sugar quase toda a sua energia, seu foco, seu sono. Vai fazer você pensar se esse era mesmo o melhor momento para ser mãe. E esse momento vai ser sempre confuso, tendo vinte ou quarenta anos.
Minhas expectativas dessa vez são mais reais. Tudo que eu espero, para ser bem sincera, é que ele nasça com saúde e possa vir para casa comigo. Que ele e o irmão sejam verdadeiros amigos. Quero viver um dia de cada vez e ir conhecendo esse menino que vai fazer parte das nossas vidas para sempre.
Quero apenas ser a mãe dos meus filhos.

quarta-feira, 21 de março de 2012

OS "BOCA MALDITA"

"Mas como o Matt anda bonzinho, né, amor?" Pronto, basta um comentário desse tipo que no dia seguinte o pequeno acorda azedo.
Esse fenômeno acontece bastante aqui em casa. Só de falar uma coisa, ela acontece. Esses dias resolvemos levar o Matheus ao pediatra, pois já fazia um bom tempo desde a última vez que o pesamos, medimos, escutamos, etc.
Juro que pensei comigo: "Tomara que não fique resfriado no dia seguinte". Eis que ele acorda no sábado com o nariz escorrendo e meio abatidinho. Pelo menos não chegou a passar disso, uns três ou quatro dias de resfriado.
Será que isso acontece com todos os pais?
Ou será que os filhos captam de alguma maneira tudo que sentimos e sem querer transferimos para eles?
De qualquer maneira, hoje foi um dos dias mais surpreendentes dos últimos tempos. Meus pais vieram nos visitar e numa conversa com a minha mãe, falei que achava que daqui a um ano o Matt estaria pronto para viajar com eles para Ponta Grossa de novo. Disse isso porque a última tentativa foi um pouco frustada, uma vez que ele ficou lá todo choroso.
A surpresa veio na hora de nos despedirmos. Ele me olhou e falou que ia junto com os avós para Ponta Grossa. Eu, claro, não acreditei. Mas ele insistiu, foi comigo arrumar a mala e entendeu que os pais não iam junto. Disse "tchaaaauu!" todo feliz e nos deixou aqui olhando um para a cara do outro, perplexos.
O que mais fazer numa hora dessas senão deixar (mesmo que ressabiada) e depois correr trocar de roupa para jantar sem a menor pressa em um restaurante maravilhoso?
Isso aconteceu há umas cinco horas atrás e é bem provável que amanhã tenhamos que ir até lá buscá-lo. Se bem que isso não importa. A iniciativa do meu bebê de viajar sozinho me deixou confusa mas ao mesmo tempo orgulhosa.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

MÃE, A CHATA

Não tem como. Por mais que você tente, é impossível se tornar uma mãe sem ficar mais chata. No momento em que o filho nasce, aparecem com ele mil pequenas coisas que precisam ser colocadas em ordem.
Na verdade, já existe uma preparação antes mesmo do bebê nascer. É preciso pensar em todos os detalhes como o enxoval do pequeno, a maternidade, o plano de saúde, o tipo de parto, fazer vários exames, decidir sobre a coleta de sangue do cordão umbilical, etc, etc.
Aí o casal já tem uma prévia de que a moleza acabou. Antes as decisões se resumem ao lugar onde vão jantar, se ligam para encontrar os amigos ou vão só os dois, que filme locar numa sexta feira, coisinhas do tipo.
É depois do nascimento que começa o curso (super) intensivo. Nos primeiros três meses não se tem tempo nem de respirar. É mamar, fazer o bebê arrotar, fazer dormir, trocar a fralda, trocar a roupinha, tirar o lixo várias vezes por dia, esterilizar mamadeira, ferver água, acordar várias vezes durante à noite. E quando termina, o jeito é começar tudo de novo.
Eu, que sempre fui "tarefeira" do tipo missão dada é missão cumprida, fiquei ainda mais depois do Matheus. Na verdade não gosto de deixar para amanhã o que posso fazer hoje.
Com filho pequeno, se você não vai organizando as coisas no dia-a dia a casa vira de cabeça para baixo. Supermercado, escola, pagamentos, casa. Só quem é mãe sabe.
É a mãe quem geralmente quer colocar aquele casaco quando está um pouco frio ou que insiste que a criança tem que comer alguma coisa saudável. É quase sempre a mãe que enfia goela abaixo o remédio que o pediatra mandou tomar três vezes ao dia.
A mãe é aquele ser que não deixa entrar na piscina à noite e que manda guardar as coisas no lugar. A mãe manda escovar os dentes e tomar banho sob protesto todos os dias. TODOS os dias.
Mas tudo bem, faz parte. Eles nos amam incondicionalmente sendo assim mesmo, chatas. E pra mim isso basta.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

POUCAS E BOAS

Sempre achei muito chato escutar aquelas mães que contam todos os mínimos detalhes das peripécias dos seus rebentos. Ou aqueles pais que te pegam num canto do qual você não consegue escapar para mostrar umas cem fotos do filho no celular.
Mas, porém, todavia, existem algumas coisas que precisam ser compartilhadas pois corremos o risco de esquecer com o tempo. Esse foi o principal motivo que resolvi escrever algumas das "tiradas" do Matheus. Eis algumas.
Quando ele diz "Se comporte!" para o brinquedo que leva junto no carro no caminho para a escola.
Quando ele fica brabo e diz para si mesmo bem alto: "Não precisa brigaaaaar!"
Quando ele lê as placas dos carros em inglês no caminho para aulinha.
Quando ele, depois de apagar a velinha do aniversário disse: "Liga o parabéns de novo!"
Quando ele mesmo, depois de tirar o boné na piscina e já prevendo o que eu iria falar me olha e diz: "Mas filho..."
Quando ele diz "ultiminho!" para cada um dos dez sorvetes que toma por dia quando está na casa da vó.
Quando reza o Santo Anjo sozinho.
Quando enumera tudo que faz antes de ir dormir: "Primeiro, tomar banho. Segundo, mamar. Terceiro, escovar os dentes. Quarto, tomar aguinha. Quinto, memir!"
Quando fica felicíssimo por eu pedir para ele jogar qualquer coisa no lixo.
Quando ele vê uma foto de si mesmo e diz: "Seu sapeca!"
Como eu disse. Eis algumas. De muitas.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

TRÊS ANOS

Amanhã o Matheus faz três anos. Passou voando e não passou. Não parece que ele existe só há tão pouco tempo. A minha vida antes dele eu quase não consigo lembrar. Um filho traz uma mudança avassaladora. Me transformou em outra.
Gravidez muito tranquila, eu confiante demais. Cesárea me surpreendeu, não era bem um passeio no parque. Bebê não tinha os pulmões ainda bem formados, uma semana na UTI. Pior semana da minha vida.
Primeiro ano de muito choro, muita cólica, sono quase nenhum, gripe suína, não podíamos sair de casa. Tudo pela frente para os novos pais aprenderem. Quase nada que li nos livros serviu.
Segundo ano um pouco mais de sono, não muito. Ele cada dia mais carinhoso. Incontáveis abraços e beijos. Verdadeiro pavor de médico, puxou ao pai. Verdadeira adoração por música, puxou ao pai. Totalmente grudado em pai e mãe. Talvez devido à distância dos parentes. Talvez ele simplesmente seja assim. Andou tarde, tinha um ano e quatro meses. Aprendeu mesmo no shopping, seu lugar favorito. Passatempo preferido, escada rolante.
Ano três. Eu totalmente apaixonada. Sono profundo, enfim. Acha que consegue fazer tudo sozinho. Ama as letras e os números. Difícil brincar com algo que não tenha a ver com isso. Aprendeu o alfabeto sozinho. Sabe também em inglês. Não usa boia na piscina. Detesta tudo que prenda sua movimentação. Adora Pato Fu. Canta junto com a Fernanda. Usa o i-pad melhor do que eu.
Já assisti à Galinha Pintadinha umas mil vezes. Já fui embora de lugares porque ele não parava de chorar. Já cantei a mesma música repetidamente só porque ele pediu. Já deixei de ir a vários compromissos. Deixei ele tomar refrigerante muito antes do que eu esperava. Já me senti a pessoa mais feliz do mundo. Já achei que fosse enlouquecer depois de um dia difícil. Muitas vezes penso se sou uma boa mãe. Faço tantas coisas que disse que nunca faria. Faço qualquer coisa para ver meu filho feliz. Parabéns, meu querido.