quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

PERDA

Uma vez minha mãe me contou que engravidou de novo um pouco depois que eu nasci, mas que acabou perdendo o bebê. Um aborto espontâneo, como dizem. Lembro que na época não dei muita importância ao fato. Várias vezes escutei mulheres contando a mesma coisa. Uma amiga bem próxima também passou por isso, mas como o aborto espontâneo geralmente acontece bem no começo da gravidez, não parece trazer grandes traumas.
Mas traz. Não trauma, mas a tristeza profunda de perder um bebê que já fazia parte da sua vida. Não por ser a perda de uma história, mas sim de toda uma expectativa. De todos os planos que são feitos ao longo de dez semanas.
Acho que as mulheres se fazem de forte, até para tranquilizar os que as amam nessas horas. Minha amiga falou que na hora da curetagem, teve a sensação que iam lhe amputar um braço. A sensação é essa mesmo, de que vão tirar algo que faz parte de você, que te pertence, que você não quer tirar.
Levei um certo tempo para me acostumar com a ideia de que não estava mais grávida, que meu bebê não ia mais nascer no final de agosto, que vou ter que deixar as roupinhas que ele ou ela ganhou para o próximo bebê, quando ele vier.
O que eu posso afirmar, com segurança, é que tenho muita sorte por ter pessoas maravilhosas na minha vida que me ajudaram a passar por esse momento. Em especial, muito especial mesmo, meu Matheus com seu sorriso cheio de espontaneidade e seus abraços de ursinho. Como sempre comento com meu marido, o Matheus é tudo.

2 comentários:

  1. E assim, nós mulheres, seguimos fortes e corajosas, vencendo as dificuldades, mas tendo por perto um anjo lindo, como o Matheus, fica um pouco mais fácil.

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  2. Não tinha lido esse texto até agora, Tati. Parabéns por dividir essa difícil experiência. Beijão!

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