segunda-feira, 31 de maio de 2010

MÃE PERFEITA

Uma vez li uma frase que hoje vejo que tinha tudo a ver comigo antes de engravidar: “Eu era uma mãe perfeita, até ter filhos".
Minha falta de noção era tanta que cheguei a falar pra minha mãe que não precisaria da ajuda dela quando o bebê nascesse, afinal, eu e meu marido daríamos conta sozinhos. Foi só eu sair do primeiro ultrassom e prever todo o trabalho que um serzinho tão pequeno daria que liguei correndo pra futura vovó, pedindo socorro.
Meu Deus! Se eu pudesse voltar no tempo, olharia bem pra mim mesma e diria: "Fecha essa matraca, sua louca!". Como é fácil ter mil teorias e opiniões formadas sobre ser mãe quando não se é mãe. Como é fácil julgar os outros, sem saber o que acontece realmente.
Foram várias as vezes que estávamos, eu e meu marido, em restaurantes, cafés, avião, cinema, e de repente aparece aquela mãe com uma criança a tiracolo. Troca de olhares. Típico casalzinho que não quer ser incomodado. “Será que mudamos de lugar?”
Apesar de todo o esforço, às vezes o rebento consegue tirar a mãe do sério. Se põe a chorar, ou a fazer birra ou, o pior pesadelo de qualquer mãe, se joga no chão e grita. Pensava:” Meu filho não vai ser assim, imagine fazer isso em público!”.
Só um aviso: na maioria das vezes, não está nas suas mãos. Claro, tentamos fazer o nosso melhor, o problema é que nem sempre é suficiente. Certa vez, quando o Matheus tinha uns quatro meses, tivemos que ir embora da padaria onde sempre tomamos nosso café da manhã, pois o pequeno decidiu que não estava a fim de ficar ali e abriu o maior berreiro. Fim do programa. Alívio para os outros clientes do café. E essa não foi a primeira nem a última vez.
Hoje vejo outros casais olhando para NÓS daquele jeito. Hoje eu sou aquela mãe e na mesma hora que detecto “o olhar” já me ofendo pelo meu filho. “Que absurdo, é só um bebê. E o mais lindo do mundo!”

quinta-feira, 27 de maio de 2010

EFEITO CARANGUEJO

Uma amiga esses dias me falou que a fase pós-parto, pela qual ela está passando, é tipo um 'efeito caranguejo', ou seja, quando um caranguejo tenta sair do balde, os outros todos puxam pra baixo. Nenhuma mulher conta pras outras. Só se fala nas maravilhas da maternidade, mas não se fala na dificuldade de não dormir, da amamentação, de não saber por que o bebê está chorando, e principalmente, por que eles DETESTAM o berço.
Toda vez que chego na casa dessa mesma amiga, ela está com a nenezinha no colo, com ares de desespero. Nas vezes que ela vinha aqui, quando o Matheus nasceu, dizia que era fácil, que ele só dormia. Hoje ela passa pela mesma coisa e fala que eu devia ter avisado. Eu avisei, mas ela não lembra.
O pós-parto é com certeza o período mais difícil de todos. Você quer matar o marido asfixiado com o travesseiro à noite, sem o coitado ter feito nada além de ajudar e ser o mais compreensivo dos homens. Minha mãe falava que eu parecia uma 'tigra'. É verdade, mas não era eu, e sim, Eles, os Hormônios. Pode por a culpa neles sim, e você não vai estar mentindo. Acho que Deus não prestou muita atenção nisso quando a Eva ficava insuportável de vez em quando e ninguém sabia por que.
Meu pobre marido às vezes chegava em casa e pegava eu e o bebê nos debulhando em lágrimas. Tudo bem, ele teve sorte até agora, pois não sofro de TPM.(Juro por Deus!). Uma hora ele teria o encontro com os Hormônios, e posso dizer que ele se saiu muito bem.

O CLUBE

No momento que você fica grávida é como se entrasse para um clube. O Clube das Grávidas. Antes você e suas amigas se encontravam pra almoçar e ficavam só de fofoca, ou então entretidas naquelas longas conversas profundas. Esqueça, agora você é MÃE, não tem mais tempo pra conversas profundas.
Agora você pertence a um novo Clube. E muitas informações confidenciais precisam ser desvendadas, como: Onde se encontra roupa de gestante por um preço acessível? Devo fazer um curso de pais? (já adianto que não existe 'curso' que vá te ensinar a ser pai ou mãe), onde é melhor fazer ultrassom 4D? O que fazer pra não se sentir tão enjoada? Devo ler o livro 'A Encantadora de Bebês'?
Em poucos meses, você passa de iniciante a avançada e passa a ajudar as recém-gestantes na descoberta das informações. Aliás, é só ver uma outra grávida que lá está você, pronta para ajudar ou só trocar figurinhas, coisa que aqui na minha cidade é quase um sacrilégio.
Nasce o Bebê, e aí você muda de nível e entra para o Clube dos Pais. Muito mais importante e numeroso, pois envolve ambos os sexos e do qual você será sócio vitalício. Depois que o Matheus nasceu, eu e meu marido conhecemos muitos outros casais que frequentam os mesmos lugares que nós e que às vezes também tem que ir embora pois o filho está dando piti. Nesse momento, os olhares de cumplicidade entre os membros do clube proporcionam um certo conforto, e até alívio. 'Viu só? Não acontece só com a gente!'
Antes, casalzinho em restaurantes 'hip' da cidade, bebericando vinho. Agora, pai, mãe e bebê na padaria, com direito a café derramado e migalhas de pão pra todos os lados...mas nada se compara ao sorriso do Matheus quando ele vê sua torrada quentinha com manteiga chegando na mesa. 'Pa-pa' Diversão total!

O DIA DO SIM

SIM! Deu positivo, você está mesmo vendo dois risquinhos no bastãozinho que acabou de fazer xixi. E aí vem a pergunta que não quer calar...e agora??
Para muitas mulheres, esse é um momento da mais pura felicidade, afinal, elas sempre souberam que queriam ser mãe, nasceram pra isso. Porém, existe um outro grupo de mulheres, aquelas que nem sempre pensaram em engravidar, e que a ideia de ser mãe assusta um pouco.
Bem, tenho que confessar que faço parte do segundo grupo. Não me entendam mal, amo meu filho mais que tudo no mundo, mas pra mim, junto com a felicidade da descoberta, veio também a pergunta: E AGORA? Como vou fazer isso??
Claro, no tempo das nossas mães era mais fácil,(é o que dizem todas as mães da geração passada com quem falei...ou será que elas não contam toda a verdade???). Hoje nos casamos mais velhas, temos um trabalho, saímos e viajamos, aproveitamos mais a vida com o marido...por isso tudo, é tão difícil abrir mão dessa "vidão".
Descobri que estava grávida por acaso, tinha marcado uma sessão de 'laser', então fiz o exame às pressas antes de sair de casa, pois o procedimento não pode ser feito em gestantes, e estávamos tentando há uns meses. Pra minha TOTAL surpresa, deu positivo...desmarquei o 'laser', comprei outro exame na farmácia e positivo de novo. E mesmo assim... "MAS SERÁ?". Por fim, fiz o exame de laboratório, cujo resultado só sairia à noite.
Fiquei tão perplexa que não contei pra ninguém, nem meu próprio marido.
Ele chegou à noitinha e resolvemos pedir uma pizza e ver 'FRIENDS' pela centésima vez na TV. Passou-se uma meia hora. De repente, parei o DVD e falei pra ele: "talvez eu esteja grávida". Acho que não preciso dizer o tamanho do susto do moço, que falou: "como assim, talvez?"
Vou dizer que a ficha demora uns dias a cair. Mais dias ainda pra se sentir realmente grávida. Muito mais dias pra sentir-se mãe. Como diz meu marido, o que assusta é a inevitabilidade da coisa. É pra sempre, é o maior amor que uma mulher pode sentir.