sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CHUVA DE CUPIM

Vou relatar aqui um evento real que aconteceu no outono desse ano, quando decidimos reformar nossas pequenas salas de estar e jantar para que o Matheus tivesse mais espaço e enfim conseguisse andar sozinho.
Eis que um dia estava eu fazendo uma faxina nos armários quando reparei que os cantos estavam cheios de um pozinho daqueles que os cupins fazem. Pensei na hora que antes da reforma seria mais do que necessário uma dedetização, pros malditos insetos não ocuparem os móveis novos.
Conversei com meu marido e ele falou que era importantíssimo primeiro acharmos o foco dos cupins. Assim, e só assim, eles iriam sumir de verdade.
Desde que nos casamos moramos no mesmo apê e se tem uns bichinhos que sempre estiveram presente aqui são as formigas. Não cupins, formigas. Viviam zanzando pela cozinha e testamos várias receitas caseiras pra sumir com elas, sem sucesso. Às vezes apareciam mais, às vezes menos, mas sempre tinha alguma perdida por ali.
Nessa época dos cupins elas estavam a toda de novo, renascidas dos infernos das formigas. E essas sim tinham uma "trilha" muito bem determinada, que subia pelo vão da porta da cozinha, mas ali elas desapareciam. Era muito estranho.
Enfim, Não queríamos nem um tipo de bicho nem outro perto do bebê. Compramos veneno pros dois tipos de inseto.
Meu marido, como já foi dito anteriormente aqui, é um pai exemplar, porém esse tipo de coisas do lar não é muito a praia dele.
O evento se deu numa sexta à tarde, quando o Matheusinho estava na escolinha e (Thank God!) não viu o acontecido.
Meu amor falou que ia subir numa escada e resolver o problema das formigas colocando o veneno em todo batente da porta da cozinha. Eu, tranquila, fui tomar um banho enquanto ele resolvia aquilo.
De repente, no meio do banho entra meu marido nu, desesperado e gritando "CUPIM! CUPIIIIIM!". Eu logo vi que aquilo não ia ser um banho a dois e saí rápido do chuveiro.
O homem não dizia coisa com coisa e fui ver o estrago na cozinha. Quando cheguei lá, vi que o relógio DE MADEIRA que tinha logo em cima da porta estava infestado de formiga e cupim, e não foi difícil deduzir que quando ele tirou o meu lindo reloginho trazido de Gramado da parede, uma chuva de bichos caiu em cima dele. Logo dele, tadinho, que ODEIA qualquer tipo de inseto.
Enfim, foi relógio, roupas, pano de chão, tudo pro lixo, tamanha era a quantidade de cupim e formiga.
Depois disso, ficou moleza pro cara da dedetização.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

MATHEUS X OZZY

Aqui nessa casa já tive duas crianças. O primeiro a chegar foi um filhote de lhasa apso, branco e preto, que atendia pelo nome de Ozzy. Do xará famoso, ele herdou a autenticidade e o jeito maluco de ser. Nunca, nem agora com o Matheus, nossa casa foi tão bagunçada. Esse era o tipo de cão que até sabia onde era o lugar que deveria fazer as necessidades, mas só fazia lá se estivesse a fim naquela hora. Lembro que ele era super agitado, queria brincar o tempo todo, tanto que eu e meu marido ficávamos os dois encolhidos no meio da cama na hora de dormir, no escuro total, sem nem respirar direito, pro bicho não perceber que estávamos acordados e assim não começar a latir. Nem TV no quarto a gente via mais. Sem dúvida, uma situação pra lá de ridícula.
Preguiçoso que era, parava na hora que cansava de um passeio e ninguém conseguia fazer o Ozzy andar. Empacava que nem burrico. O jeito era pegá-lo no colo e andar com ele até em casa. Claro que ele cresceu mais do que o esperado. Pesava uns doze quilos, e mesmo assim achava que era um bebê de colo, manhoso que só ele.
Apesar de todo o rolo, a gente adorava o sem-vergonha, que era muito brincalhão e super carinhoso.
Nosso dilema começou com a descoberta da minha gravidez. Parece até que ele já sabia que iria perder o trono de reizinho da casa.
Se já fazia xixi fora do lugar, agora então era por toda parte. Era só colocar um jornal em cima do xixi, que ele fazia de novo, só que exatamente na frente do papel.
Cada vez que saíamos, na volta encontrávamos nossa sala invadida pelo rolo desenrolado de papel higiênico, tapete revirado e sapatos mordidos.
Eu, grávida, não aguentava mais limpar a casa mil vezes por dia. Foi então que a ficha começou a cair: era hora de mudar nosso bichinho de lugar.
Acho que foi uma das experiências mais tristes que já tivemos. A bolinha de pelos foi primeiro pra casa da minha mãe, onde começou a infernizar o outro lhasa que mora lá e que é muito mais calmo. Assim, ele mudou-se definitivamente pra casa de uma pessoa que trabalha com meu pai, e lá está até hoje.
Dali a uns seis meses chegou o Matheus, que agora também põe a casa abaixo. Eu e meu marido muitas vezes percebemos coisas em que os dois são parecidos. Acho que não importa o tipo, os bebês são mesmo igualmente fofos e sapecas.
Fico imaginando como seria ter os dois morando juntos no nosso apartamento, que não é muito grande. Saiu o Ozzy, chegou o Matheus, ficou a bagunça e a diversão.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

OS HOMENS

Ah, os homens....
Eles podem ter cursado a faculdade, feito estágio nos melhores lugares, estudado muito na pós e depois no MBA. Com toda certeza alguns redigiram monografias super elogiadas pelos maiores mestres e facilmente encontraram um ótimo emprego ou abriram sua própria e próspera empresa.
Apesar de todos esses e mais alguns outros atributos, quando se trata das coisas caseiras, nem sempre eles são tão....digamos, ligados.
Outro dia, meu marido não conseguia encontrar a maionese.
Perguntou: "Querida, cadê a maionese?"
Eu: "Na porta de geladeira, amor.
Ele:"Já procurei, não tá..."
Eu:"Já vou aí ver."
Assim que abri a geladeira, vi que a maionese estava sorrateiramente escondida atrás da mostarda.
Eu:"Tá aqui, querido."
Ele:"Ah, é. Não vi..."
E assim vai. Meu irmão do meio acabou de ter um bebê lindo. Minha cunhada, ainda de dieta, pediu para ele comprar macarrão cabelo-de-anjo. Lá foi ele ao mercado e, tranquilo, comprou macarrão parafuso, afinal, aquele é o formato de cabelo que tem um anjo. Pelo menos rendeu muitas risadas da nova mamãe.
Não acho que isso aconteça somente na minha família, já que uma vez uma amiga me contou que chegou do trabalho e percebeu que o vaso do banheiro estava entupido. Cansada, sentou na sala pra ver a novela. Depois resolvia. Chegou o maridão e falou:"benhê, o vaso tá entupido de novo." Ela suspirou, disse que já sabia e depois ia colocar um produtinho que resolvia. Ele, insatisfeito, pegou um baldão de água e foi dar uma de provedor da casa. Ela só escutou: CHUÁÁÁÁÁÁÁÁ´!!!! Toda água pra fora do tal vaso. Agora ele que limpasse, né?
Sorte a deles que crescemos vendo nossos pais fazendo as mesmas coisas e nossas mães sempre mostrando como a casa funciona. É algo que transcende gerações. O destino do Matheus e meu sobrinho Bernardo provavelmente não será tão diferente.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

FASES

Saber o que um bebê está pedindo através do choro ou dos resmungos não é nada fácil. O Matheus, quando recém-nascido, chorava muito no começo da noite. Minha obstetra disse: "São noventa dias de cólica, querida. Depois passa." Passaram-se os três meses e o choro continuou até os cinco meses, ou seja, cento e cinquenta dias. Meu plano de ter dois filhos foi completamente apagado, um só já dava bastante trabalho.
Depois, foi ficando difícil porque ele sempre foi grandão, e com cinco meses nem sinal do pequeno sentar sozinho. Naquela época, alguém me disse que com seis meses ficaria bem melhor, pois logo ele iria brincar sentadinho e sair um pouco do colo. Os seis meses vieram e foram, o Matheus ainda no colo. Só foi sentar firminho mesmo com dez meses.
Então começou aquela fase que eles andam segurando nas nossas mãos, fasesinha que acaba com as costas de qualquer pessoa. Ficou expert em andar assim, tanto que deu seus primeiros passos sozinho lá por um ano e quatro meses, com a torcida constante de papai e mamãe.
Recentemente escutei que assim que ele começar a falar, aí sim, vai ser moleza, já que ele vai poder oralizar o que quer, não vai ficar brabo quando não entendermos alguma coisa....essa eu quero ver.
Já a diretora de escolinha disse que até os três anos eles não gostam de ir ao shopping (o que não parece ser o caso do Matheus) nem restaurantes (pra isso a paciência dele é curta mesmo), pois são programas de adultos, não de bebês.
Claro que quando chegar aos três anos alguém vai falar que com cinco sim fica bom porque....bem, com certeza vai ter uma razão da qual não se pode discordar.
O interessante é que a gente realmente começa a esquecer das dificuldades, coisa que também me disseram, e que na época, não acreditei. O plano de ter mais um bebê foi retomado, posso dizer, com entusiasmo.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

ATURGYL

Lembro exatamente o dia em que meu vício começou. Eu tinha uns doze anos e fui dormir na casa de uma amiga. Como tenho rinite desde que me lembro sempre andei com um daqueles remedinhos de soro comigo, mas nesse dia tinha esquecido. Passei a noite desesperada, dormi praticamente sentada. De manhã cedo, liguei pra minha mãe me buscar e chegando em casa meu pai me apresentou a salvação da minha respiração: O aturgyl. Ufa!! Posso dizer que foi realmente um alívio.
Por muitos anos esse bendito remédio foi o ar que eu respirava. E não só eu, meus irmãos eram também viciados, a ponto de negociarmos uma gota a mais no vidrinho daquele que estava acabando, pra não ter problemas à noite. Isso quando essa gota não era roubada sem que o outro visse na hora do banho... era praticamente um cartel.
Meu irmão do meio, coitado, tentou até tratamento com injeção pra respirar mais naturalmente. Melhorou, mas não cem por cento, tanto que ele ainda usa. Já eu e o mais novo...remedinho no bolso ou na bolsa sempre.
Mas com o tempo (e o ressecamento das narinas), começamos a procurar algo um pouco mais fraco. Passamos por vários até chegarmos ao que usamos hoje. Bem mais light e baratinho! O bom é que agora, todos adultos, cada um pode comprar o seu sem precisar roubar.
Não me conformo de às vezes ver meu marido resfriado, completamente constipado, e nem assim querer usar o negócio. Será que ele acha que vai virar dependente como eu? Já falei pra ele que não é bem assim, são anos de prática....
O que realmente chama minha atenção é meu filho Matheus. Desde sempre alérgico também, o pediatra indicou aquele sorinho, que ele nem liga de usar. Na verdade, parece que ele até acha bacana imitar a mamãe. Pra ele, pode ser o remedinho ou um tubo de adoçante em gotas. Ele enfia a ponta no narizinho, puxa o ar e faz cara de quem está respirando bem melhor. Tal mãe, tal filho.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

BEBÊS DE CARAS

Cada vez que vou ao salão não resisto e pego as mais novas revistas de fofocas. Na verdade, devo ser uma das poucas mulheres que não tem muita paciência de ficar sentada durante horas pintando o cabelo, então elas são uma boa distração.
Enfim, hoje peguei a última revista cuja capa era uma das mais badaladas celebridades brasileiras, daquelas que faz de tudo um pouco, e nada assim muito bem.
Lá estava ela, feliz com o filhinho no colo e, claro, bem produzida. Na entrevista dizia que o bebê é super calminho, que dorme a noite toda e que não dá trabalho nenhum. Coisa boa, não? Trabalho NENHUM!
Claro que o pequeno batalhão de babás devia estar bem escondidinho atrás de alguma cortina que não aparece nas fotos. Afinal, todas as mulheres famosas têm sempre exatamente a mesma resposta quando indagadas sobre sua prole. Os bebês são praticamente de pelúcia. Nunca, nenhuma vez, em nenhuma revista eu vi uma famosa dizer que o filho chora sem motivo, que não consegue amamentar, que faz seis meses que ninguém dorme no apartamento de quinze peças. Depressão pós parto, então? O que é isso? Algo me diz que elas realmente não participam do trabalho pesado e vão repousar nos seus aposentos quando o filho começa a berrar. Com certeza até o Príncipe Williams já levou a babá à beira da loucura numa noite ou outra.
Me pergunto o porque de tanta pompa e fingimento, uma vez que, se as celebridades abrissem o jogo, poderiam até ajudar as pobres mortais como nós.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

35 e 5

Nada mais natural quando encontramos pais com bebês do que perguntar a idade deles. Dos bebês, não dos pais. Quase sempre a resposta inclui não só o ano (se já tiver), como também os meses de vida. O Matheus, por exemplo, tem um ano e quase oito meses. Um e oito, como se diz.
A curiosidade pela idade de outros bebês sempre existe e os pais muitas vezes até adivinham a idade dos pequenos, devido à prática. Essa semana no elevador do pediatra tinha uma menininha com a mãe chegando junto conosco, tão ressabiada quanto o Matheus por estarem chegando no médico, ou "naquele cara que enfia um palito na minha goela".
A mãe perguntou se o meu já tinha dois anos, pois apesar da altura da mãe, ele é grandão. Eu disse que não. "Um e oito. E a sua?" "Dois e três".
Por sorte essa história de contar os meses pára ali pelos três ou quatro anos. Um alívio para os adultos, já que nem sempre pode ser confortável contar a idade, especialmente pra nós, mulheres.
Posso dizer com segurança que não gostaria de encontrar uma conhecida no elevador e ter que dizer: "trinta e cinco e cinco" e ela responder: "Essa é uma idade linda! Já aprendeu a fazer o próprio imposto de renda?"

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

ACONTECEU

Finalmente, o que eu mais temia, aconteceu. O Matheus se jogou no chão do shopping depois de levar um "não". O acontecido se deu ao fato de que, passando por uma loja de chocolates que ele adora, entrou faceiro e direto no doce preferido. Tudo bem, um chocolatinho só não faz mal. Compramos e ele comeu inteiro. Logo que acabou, saiu correndo e entrou de novo na loja, mas dessa vez a mamãe disse não, pois tinha acabado de engolir um inteirinho.
Revoltado e fulo da vida, se jogou no chão e começou a chorar. Aquele tipo de manha pura, nem lágrima saía. Enquanto isso, o povo passando por nós e com toda razão pensando "que tipo de pais são esses, que deixam isso acontecer?" Confesso que se tivesse ganhado um dólar pra cada vez que eu mesma pensei isso antes do Matheus nascer, eu teria agora uma casa em Beverly Hills...
Enfim, eu e meu marido nos olhamos e, sem sucesso, falamos firme com o pequeno, que estava no universo paralelo da birra, sem tomar conhecimento da nossa presença.
O jeito foi catar o danado, que no colo deitou a cabeça no ombro do pai, no melhor estilo "como sofro" e assim foi até o carro.
Chegando em casa, agiu como se nada tivesse acontecido, como se nós não tivéssemos passado a maior vergonha em muito tempo e foi brincar alegremente com seu violãozinho. Nada como a privacidade do lar.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Viagem do Papai

Demorou um pouco, mas eu finalmente entendi. Estou falando desse negócio de ter filhos. Faz todo o sentido do mundo. Eles vêm e o trabalho é tão grande, tão intenso e tão avassalador, que quem você era (ou achava que era) não serve para mais nada. Esvazia. No começo você esperneia, luta contra, tentar segurar-se ao que é (ou acha que é). Não é você. Você já não é mais. Daí cai a ficha. Em resumo, seu filho vem para mostrar que você não é você, mas algo melhor, maior e paradoxalmente menos convencido, menos arrogante. Você esvazia para depois encher-se de algo melhor, mais elaborado e mais ligado no que realmente importa. Mas tem que deixar, senão no final você se enche novamente do mesmo. E o mesmo geralmente é pior do que poderia ser. De qualquer forma, não encare isso como algum tipo de conselho viajandão-espiritual ou algo parecido. Não faz meu tipo. Mas que tem alguma coisa muito diferente por aqui desde que esse pequeno pousou há quase dois anos, isso eu garanto.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

UMA HISTORINHA

Era uma vez um menino e uma menina, ambos moravam numa cidade pequena, tinham idades parecidas, os pais eram amigos e colegas de trabalho. Os dois tinham dois irmãos menores, que também eram amigos e todos estudavam na mesma escola.
Apesar de todas essas coincidências, o menino e a menina pouco tinham em comum. Ele era tímido e estudioso. Ela era extrovertida e tagarela. Ele estava um ano à frente dela no colégio. Não estudavam na mesma turma, mas as salas dos dois eram bem próximas. Ele tinha um melhor amigo, e passava com ele a maior parte do tempo. Ela, idém.
Ela, porém, morria de amores por ele. Durante o interminável período de um ano no tempo das crianças, ela o perseguiu por todos os recreios. A fiel amiga ia junto, e esta, mesmo com oito anos de idade, achava que aquilo não ia dar em nada. Afinal, ele nem se dava conta da existência da garota.
Mesmo assim, a menina não perdia as esperanças e fantasiava que um dia chegaria na escola e lá viria ele falar com ela. Ou que estariam em uma festa americana e ele a chamaria pra dançar lento um hit da época, como "Carrie". Ou que ele finalmente tomaria coragem e ligaria pra casa dela.
Pobre menina. Por um ano, nada daquilo que ela esperava aconteceu. Assim sendo, foi melhor se convencer a esquecer o misterioso menino.
O tempo passou e de vez em quando ela o via dirigindo pela cidade, sempre sério e compenetrado. Não podia deixar de pensar como seria conversar com ele.
Passou-se a adolescência e com elas outros relacionamentos. Ele namorou firme por anos, ela também. Ambos terminaram. Ambos se formaram.
Mas o tempo pode ser sábio. Eis que uma noite estavam o menino e a menina, agora com vinte e três anos, no mesmo lugar onde todos se encontravam naquela cidade pequena. Ela o pegou olhando na sua direção e mais inacreditavelmente, sorrindo. Que estranho....não devia ser com ela. Mas era. Ela, claro, retribuiu. Quatro horas depois ele tomou coragem e foi falar com ela, que ficou muito, muito surpresa.
Lá no fundo ela sempre soube. Era ELE.
Assim, eles descobriram ao longo de doze anos como se completavam e quantas coisas tinham em comum. Filmes, livros, músicas, lugares e hoje, a mais importante, um menininho chamado Matheus.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

CASA DE VÓ

A tia da escolinha avisou: "Não vá voltar manhosinho, hein?". Essa advertência se deu ao fato de que o Matheus e a mamãe iriam passar uns dias na casa da vovó e do vovô, que moram numa cidade próxima à nossa.
Claro que não adiantou, afinal, quem não conhece casa de vó? O paparico é total e dura o dia inteiro. Pra começar, suquinho de laranja fresco de manhã, depois almocinho especial, na mesma hora do almoço da escolinha. À tarde, soninho na rede com a vovó. Mais tarde talvez um passeio pra comprar brinquedos e tomar um "café" no shopping...
Na geladeira não falta danoninho, petisco preferido do pequeno. E à noite uma sopinha pra dormir bem. Ai, ai, ai!!
Apesar da saudade que o Matheus claramente sente pelo papai, passou três dias brincando e aprontando todas, aprendeu até a uivar. Coitado, isso que dá ter uma mãe que não bate muito bem...
A casa dos avós parece até a nossa própria casa, é brinquedo pra tudo quanto é lado. Pela minhas contas, só de "bi-bis" (codinome para os carrinhos Hot Wheels) já tem mais de trinta e foi preciso descolar uma caixa pra servir de garagem pra nova paixão do pequeno.
Casa de vó é mesmo a Disneylândia dos bebês. Não tem como evitar ficar manhosinho!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

MANUAL DE INSTRUÇÕES

Todo mundo diz que seria ótimo se um bebê já nascesse com um manual de instruções. Concordo plenamente com essa afirmação. Porém, o que realmente acontece me parece justamente ao contrário. São eles, os bebês, que já nascem sabendo várias “sapequices” antes mesmo de falar.
A birra é uma delas. Fase em que o Matheus está. Eis aqui um exemplo fresquinho.Chegamos ontem da escolinha e ele começou a reclamar, o que geralmente significa fome ou sede. Dei água e uma bolachinha, que guardo num potinho dos Backyardigans. Ele pegou a bolacha e comeu mais que a metade, aí me deu o potinho pra que eu abrisse e ele pegasse outra. Eu disse: “Não, não, primeiro termine essa que a mamãe deu”. Pra quê? Não gostando nada da situação em que se encontrava, ele foi pra perto do armário e jogou sorrateiramente a bolachinha lá embaixo. Veio de novo com o pote, feliz da vida. E lá fui eu, juntei a bolacha, “limpei” e disse que tinha que comer primeiro aquela. Aí sim, o piá ficou fulo, fulíssimo. Jogou longe o pote, brigou, chorou, fez de tudo. Minutos depois, levei o pequeno até o dito potinho, fiz ele dar “tchau tchau” pros biscoitos e coloquei em cima da mesa. Sei que a briga foi longe. Obviamente ele não comeu a bolacha e só sossegou quando o papai chegou.
Assim que meu marido entrou em casa lá foi o Sr. Matheus, com cara de coitado, pedindo colo. Até isso ele sabe, o papai ele “dobra” mais fácil.
Mas dizem que essa fase de testar os nossos limites logo passa. Só mais uns dezesseis anos e tudo volta à tranqüilidade novamente.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

MÃE É A MÃE!

Quando você passa a dar Feliz Dia dos Pais ao seu irmão, mais novo que você, é porque já tem uma certa experiência de vida. Não digo no sentido de maturidade, mas de idade mesmo. Aquela pessoa que você viu crescer, brincou, brigou, dedurou, conversou, implicou, agora vai ser pai?
A boa notícia é que meu irmão do meio e a esposa estão “grávidos”. A ótima notícia é que será um menino, com idade bem próxima à do Matheus. Assim ele terá um priminho pra brincar e brigar sempre que formos pra nossa cidade natal.
A minha cunhada está agora no sétimo mês de gravidez e diz que já se sente mais mãe que no começo. Aliás, no começo é muito estranho, pois você quase nem tem barriga, só aquela “barriga de chope”, como diria uma amiga sensata que eu tenho.
Lembro que no terceiro mês fomos fazer um exame, e na saída a secretária me disse: “Assine aqui, mãe”. Pensei comigo: “Mãe é a mãe!”. Ainda não sabia nem o sexo do bebê, era muita informação pra minha cabeça.
Mas com o passar do tempo (e dos enjôos), a sensação chega devagar e quando a gente se dá conta, lá estamos nós assinando o papel do plano de saúde do pediatra, onde embaixo diz “pai ou responsável”. Lembro que nesse momento, a ficha caiu como nunca. Isso que era responsabilidade. A doce e difícil responsabilidade de ser mãe de alguém alcança dimensões cósmicas. Você não liga dizendo que está doente e nesse dia não vai poder ser mãe.
Cada vez mais percebo o quanto tudo isso vale a pena. Cada vez menos me lembro de como era a vida antes do Matheus.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

QUE TIPO DE PAI É O SEU MARIDO?

Com o passar do tempo a gente começa a notar os tipos de pais que existem por aí. Pelo que eu pude observar nesse ano e meio de maternidade, concluo que eles se dividem basicamente em três tipos.
• Atenção, só leia a seguir se você estiver preparada e não temer a verdade nua e crua!
O primeiro tipo, e mais comum, é aquele do pai que “faz tudo, menos...”. Bom, se faz tudo menos alguma coisa é porque tudo já não faz. Por exemplo:”Ah, eu faço tudo, só não troco fralda ou não consigo acordar à noite ou não troco a roupinha, isso é coisa de mãe”. Brincalhão, ele quer saber é de fazer farra com o filho, e deixar que a mãe seja “a chata”.A responsabilidade na hora H não é muito com ele. De qualquer modo, nesse caso ainda existe uma esperança que um dia esse pai, numa hora de necessidade, acabe fazendo de tudo mesmo. Ainda mais se a mãe da criança insistir um pouquinho.
O tipo dois é aquele que quer ter muitos, muitos filhos, pois o trabalho dele é zero. Afinal, esse é o pai que trabalha e traz dinheiro pra casa, o que mais ele pode fazer? E também, a esposa não “faz mais nada” além de cuidar do filho que é obrigação dela. Além de tudo isso, não abre mão da cervejinha semanal com os amigos nem quando o filho é recém nascido. O diálogo com esse pai é quase inexistente, pois filho tem só que obedecer.
Aqui se encaixa um subtipo, o pai “sem-jeito”. Ele diz: “Ah, eu não tenho jeito pra lidar com criança, sou muito desajeitado”. Espertinho, não?
O terceiro e mais raro tipo é o pai completo. Aquele que é uma mãe mesmo. Sabe da importância de educar e do contato físico com o filho. Sabe fazer de tudo, só não dá o peito porque não pode. Quer estar presente desde a festa junina até o consultório médico. A conversa é sempre prioridade e estar em casa não é uma obrigação, mas um prazer. Essa é uma espécie que não se vê muito por aí, mas que tem crescido com o passar do tempo, uma vez que os pais têm vindo de famílias com mais igualdade entre homens e mulheres . Se o seu marido é assim, guarde segredo. Nem sempre raridades são fáceis de se encontrar.

terça-feira, 27 de julho de 2010

DA NOITE PRO DIA

É engraçado como a vida da gente muda literalmente da noite pro dia quando se tem filhos. Semana passada saí para almoçar com duas das minhas amigas mais antigas. Nos conhecemos há mais de dez anos. Uma porque virou namorada do amigo do meu então namorado, outra porque fazia parte da mesma turma que passei a sair com o começo do namoro. Vale dizer que conheci essa última na noite e que pensamos a mesma coisa antes de sermos apresentadas: “Quem é essa louca?”
Foram anos de muitas baladas, shows, jantares na casa de alguém, mudança de cidade, novo emprego, cabelo novo, jogos de mímica na praia, segredos que todo mundo sabia, viagens de carro, conversas profundas e terapêuticas, drinks , confissões pós-meia noite. Drunk sincerity. Alguns casaram, alguns moram juntos. Todos nós continuamos firmes.
Eu fui a primeira a engravidar. Depois essa minha amiga “louca”. As outras já pensam sobre o assunto. Fico pensando em como tudo mudou nesses mais de dez anos. Como um filho muda tudo.
Hoje quase não nos encontramos mais à noite. Tem que ser de dia, por causa do Matheus e da Mariana, pois o banho deles é às oito. E eles ficam fulos se passar muito do horário. Então, o melhor a fazer é marcar um almoço, pra termos mais tempo. Tempo que nunca é suficiente, pois parece que os assuntos estão sempre acumulados e nunca damos conta de terminar.
Mesmo estando quase sem voz não desmarquei o encontro, pois vale a pena ir nem que seja pra escutar as duas. E rir muito.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O DIA DO CORTE

A primeira vez que levei meu bebê cortar o cabelo, ele tinha apenas seis meses. O cabelo, porém, já estava grande demais. Quando recém nascido o Matheus tinha um cabelo bem lisinho, escuro, quase pro ruivinho, que durou até uns oito meses. Depois disso, vieram os primeiros cachinhos e o cabelinho escuro se transformou num lindo tom de loiro-acinzentado. Aquele que as mulheres pagam caro para conseguir cor igual.
Antes da ida ao salão, liguei para a cabeleireira que iria fazer o serviço. Sábado, cinco da tarde, tudo certo. Chegamos e logo veio aquele “enxame de mulheres” que sempre aparece quando chega um bebê. Pra minha surpresa, ele não se assustou, ficou só olhando e analisando o ambiente.
Tudo bem até aqui, hora do corte. Até onde eu saiba, os bebês e crianças pequenas ODEIAM cortar o cabelo. Um dia desses estava eu fazendo a unha no salão do shopping e no andar de cima um menininho a berrar: “NÃO, NÃO, NÃO QUERO, TÁ DOEEEEEENDOOO!!!!” .
Assim, fui com o pequeno ressabiada até a cadeira. Sentei com ele no meu colo, a moça colocou o aventalzinho, (que compraram especialmente pra ele...é, chique, bem!), e lá fomos nós. Ela começou a cortar devagar, para que ele não se assustasse. Ele, com certeza, não entendendo muita coisa. Dez minutos depois, pronto! Lindo e de cabelo novo. Falei pra minha mãe, que lá estava também: “Nossa, foi mas fácil que eu pensei!”.
Ledo engano. Fora essa, todas as outras vezes foi escândalo total, de parar o salão. Tanto que tive que mudar de estabelecimento, pois a pobre profissional já estava ficando traumatizada com os gritos....
Agora levo o Matheus só quando a franja já está tapando os olhinhos e os cachinhos estão "incontroláveis". Vou ao salão mais próximo e digo: “Ele vai chorar, mas pode cortar assim mesmo. Vai fundo, mas seja rápido!”

segunda-feira, 5 de julho de 2010

E A NATURALIDADE?

Não é preciso ser nenhum agente do FBi pra saber, à essa altura, que o meu pequeno nem sempre dorme tão bem.
OK, isso é fato. Às vezes parecemos uma família de pandas, só que eu ainda posso usar corretivo para disfarçar as olheiras e os meus meninos não. Aliás, quase todo mundo que vê o Matheus, especialmente pela primeira vez, diz: “Ele tá com soninho?”.
O que eles não sabem é que ele tem esses “olhinhos de sono”. Nem sempre por ESTAR com sono, mas ele tem um olharzinho meio baixo, que sempre confunde as pessoas. Aposto que quando começar a falar não vai entender muito por que todo mundo pergunta isso...
Enfim, na tentativa de nós todos dormimos melhor, temos feito uma pesquisa exaustiva por livros que GARANTEM que se você seguir todos os passos lá descritos (frios e calculistas, um adendo meu aqui!), seu filho vai dormir que uma beleza, e pra sempre vai dormir bem! Não é maravilhoso?? É o tesouro no final do arco-íris!
Na verdade, não. Pelo menos não no nosso caso. E mais, os autores (todos especialistas, mas nenhuma mãe...) alegam que depois do aniversário de um ano fica mais difícil. Outro fator decepcionante para os exaustos pais, que no meio da noite depois de levantarem várias vezes catam o pequeno do berço e “que durma aqui com a gente mesmo”. Vou dizer uma coisa, às três da manhã você não consegue lembrar de um único passo eficaz nem de nenhuma razão para não levar o bebê pra sua cama e ...dormir!!!!
Dizem os especialistas que pode ser prejudicial para o bebê dormir com os pais. Claro, “os pais“ também querem dormir juntos (pensamento positivo, questão de tempo!), mas ninguém perguntou para o Matheus ou pra mim se queremos abrir mãos do nosso sono juntos de manhã, com ele todo dengoso puxando meus cabelos e me abraçando.
Você abriria mão disso, especialista?

terça-feira, 29 de junho de 2010

O CACHORRO-GATO

Não me considero uma pessoa muito supersticiosa, mas se tem uma coisa que sempre me espanta é o cachorro-gato.
Na verdade, trata-se de um bicho com aparência de cachorro, late como um cachorro, mas com certeza tem a destreza de um gato. Esse animal só aparece em dias como o sábado do último fim de semana, dias perfeitos.
O cachorro-gato vive em uma casa pela qual sempre passamos quando saímos sábado de manhã. Se o dia vai ser muito bom, lá está ele, andando habilmente em cima do muro estreito da casa, como se fosse um gato.
Depois de quase dez dias gripado, o Matheus finalmente melhorou. E mais, dormiu bem por uma semana inteira. Não preciso nem dizer que o humor dele, consequentemente, também fica muito melhor, o pequeno nunca “conversou” tanto como no último fim de semana.
Sendo assim, saímos cedo pro café da manhã, que ele comeu com vontade. Depois, Parque Barigui para o pequeno sentir um pouco do ar puro e ver o sol, tão difícil nessa época do ano. Vale dizer que um passeio no parque é o máximo de ‘vida selvagem’ que eu e meu marido agüentamos. Andamos pela grama úmida meio ressabiados e ‘tentamos’ até jogar bola, com o Matheus nos olhando e na certa pensando: ”Mas o que esses dois estão tentando fazer?”. Depois fomos ver os patos, mas achamos melhor não chegar muito perto. “ Vai que os bichos não estão de bom humor e resolvem nos atacar??” Mais tarde, almoço na feirinha, cochilo em casa, sorvete, passeio no shopping preferido dele. (Sim, ele já tem um shopping preferido!). Depois de subir e descer umas dez vezes a escada rolante, atividade favorita do Matheus no shopping, achamos que era hora de encerrar o dia.
Chegamos em casa com o pequeno ainda animado, depois de brincar mais um pouco e jantar, demos o banho e ele dormiu.
Mais uma vez, o cachorro-gato acertou em cheio.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A TERCEIRA PALAVRA

Imagino eu que em noventa e nove por cento dos casos, a primeira palavra que um bebê diz é “mã-mã” ou “pa-pa”. Lá em casa, para minha total surpresa foi “pa-pa”, pronunciada pelo Matheus quando ele tinha apenas onze meses. Ele olhou bem para o pai e falou, não resta nenhuma dúvida.
Claro, essa é uma palavra que, além de mais fácil de falar, tem duplo sentido. Pode ser “papai” ou “papá” mesmo, de comida. Pelo menos foi esse o jeito que resolvi me auto enganar, e não passar o dia em um quarto escuro me perguntando “POR QUÊ?”.
O “mã-mã” veio quase dois meses depois, finalmente. Nunca me senti tão mãe quanto naquele dia. Era eu mesma, “mã-mã” do Matheus! De lá pra cá, muitas foram as variações dessa palavra: mã-mãe, mã-mi, mã-mã-mi. Tudo bem, o “mã-mã” veio depois, mas ele não parou mais de falar.
O que me surpreendeu mesmo foi a terceira palavra. Com certeza a mais inusitada de todas. Acho que nenhum pai ou mãe imagina que essa será a próxima palavra do seu filho.
Estávamos eu, meu bebê e minha mãe na cozinha da casa dela.Os avós moram em outra cidade e o netinho adora passar os fins de semana lá. Acordamos um sábado de manhã e a vovó disse: “Oba! Vamos tomar café da manhã?”. Não é que se escuta o pequeno dizer: “oba-oba-oba-oba-oba-oba-oba!!!” Nos olhamos e rimos muito da felicidade do Matheus à espera do café, a ponto de dizer “oba”.
Talvez esse seja um dos melhores aspectos da maternidade. Se você gosta de surpresas, esteja preparada para muitas.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

MÃE/AVÓ

Foram três as vezes somente nesse mês que fiquei na dúvida se aquela mulher que estava com o bebê era a mãe ou a avó. Como aprendi com meu marido e hoje sou uma pessoa bem mais sociável do que antigamente, comecei a puxar conversa e não é que as três eram avós?
Segunda feira foi na escolinha do meu filho. Estava comigo esperando uma mulher loira muito bonita, cabelo impecável, salto altíssimo, impossível de determinar a idade. (Hoje em dia quem realmente tem a idade que parece?). Quando a garotinha por quem estava esperando chegou, já vi que era avó. Elas têm um jeito todo dengoso de falar com os netos e os deixam fazer praticamente tudo.
Quinta feira foi no mercado. A avó pegava tudo que o menino pedia, de chicletes a miojo. Avó, com certeza. Puxei conversa e disse que o meu Matheus não fica muito tempo no carrinho de mercado, e ela já arrematou: -Minha neta mais velha também não! Esse aqui é mais calminho...
Bem no começo do mês estávamos os três em uma boulangerie e chegou um casal com um gurizinho da idade do Matheus, a avó queria pôr a blusa, mas o menino, fazendo manha, dizia nã-nã. Claro, avó. A mãe já iria enfiar a blusa no garoto, ele querendo ou não. Meu sempre simpático marido achou que eram os pais e no meio da conversa eles disseram: “Somos praticamente os pais, pois ele passa mais tempo com a gente do que com eles!"
Mães que têm filhos cada vez mais tarde e avós que parecem cada vez mais jovens. Mães que não têm muito tempo (nem paciência). Avós que não fazem nega maluca. Não dá saudades da nossa infância?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

VEREDITO:CULPADA

Dez e meia da manhã. Dia lindo mas frio em Curitiba. Acabo de deixar meu filho na escolinha, mesmo um pouco resfriado, depois de mais uma noite mal dormida. Foi dormir às onze, acordou às seis, ficou quase só no colo até às dez da manhã. Teve uma febrinha à noite.
Minhas costas em frangalhos. Pensei, pensei, liguei para o marido, resolvi levar. O Matheus ficou surpreendentemente bem, dado o estado manhoso em que se encontrava. Conversei com a diretora/psicopedagoga/amiga, que me tranqüilizou. “Se a cada coriza os pequenos não viessem pra escola, não viriam nunca”. Verdade, principalmente numa cidade como essa, onde as estações não se definem, não é incomum fazer frio e calor no mesmo dia.
Mesmo assim, me senti culpada. É inevitável, a culpa nasce assim que você se torna mãe. A dúvida de sempre: “Será que estou fazendo o que é certo, pelo menos na maioria das vezes?”. Ainda não conheci ninguém que estivesse livre disso, que tivesse certeza dos seus atos.
Como mães, somos também bem mais suscetíveis aos mil palpites e perguntas que todas as pessoas têm em relação ao nosso filho, mas que não conhecem a nossa realidade."Ah, você não amamentou MUITO tempo, né?”, “Ele tinha SÓ vinte dias quando saiu com ele a primeira vez?”, “Mas JÁ colocou na escola?”. E lá se vai a culpa crescendo...
A verdade é que, mesmo se tornando mãe, a mulher continua tendo uma identidade, por mais egoísta que essa idéia possa parecer. O filho vai vir sempre em primeiro lugar, mas não é por isso que a nossa própria existência deixa de acontecer, mais ainda, de ter importância. E isso é às vezes bem difícil de assimilar. Nos julgamos o tempo todo, nos questionamos numa tentativa exaustiva de justificar todos os passos que damos como mães.
Com certeza, isso não fará nossos filhos mais felizes. E não é essa a maior finalidade das nossas vidas?

sexta-feira, 4 de junho de 2010

REHAB

Sei que é difícil de acreditar, mas meu bebê de 1 ano e pouco mais de 3 meses se encontra em período de reabilitação. E, tadinho, está passando por maus bocados.
Se você tem filhos, com certeza já ouviu falar em um produto tão antigo quanto popular: a funchicórea. Ou funchi, como chamamos aqui em casa.
Lembro da minha mãe contando quando eu estava esperando o Matheus que no tempo dela se usava um pozinho rosa horrível que manchava todas as roupas do bebê. Coisa de tempo antigo, coisa que só as avós usavam.
Ainda estávamos na maternidade quando a pediatra indicou o mesmo pozinho, pois acalmava e ajudava nas cólicas....olhei com espanto pra minha mãe: “Ué? Como assim? Não é esse o negócio que NÃO era pra eu usar??”
O potinho com certeza ainda é o mesmo de 1960, a tal funchi ainda continua manchando as roupas, mas hoje existem produtos de remoção de manchas bem mais eficazes do que naquele tempo, então, lá foi o mamãe do Matheus e deu o pozinho mágico ao bebezinho. Confesso que graças à funchi tivemos viagens de carro mais tranqüilas e alguns minutos a mais dormidos por noite. Ou seja, já valeu a pena.
Um ano e quase quatro meses depois, pelo menos uns dez potinhos usados, resolvi que já é hora do meu bebezão partir pra outra e deixar o vício. Sim, pois os olhinhos do pequeno brilham só de ver o tal potinho!
Ele tem resistido bravamente, mas não posso negar que vou sentir uma saudade imensa de quando ele pegava a chupeta E a funchicórea na mesma mão e chacoalhava, na tentativa frustrada de imitar o gesto dos pais e adoçar a boquinha. Ou então de quando ele me via fazendo esse mesmo gesto e começava a dar uma risada malandra, do tipo “ Vou me dar bem!”
Enfim, passou-se a fase da funchi....só posso concluir que meu bebezinho está crescendo. Espero que as outras fases não passem tão rápido assim.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

MÃE PERFEITA

Uma vez li uma frase que hoje vejo que tinha tudo a ver comigo antes de engravidar: “Eu era uma mãe perfeita, até ter filhos".
Minha falta de noção era tanta que cheguei a falar pra minha mãe que não precisaria da ajuda dela quando o bebê nascesse, afinal, eu e meu marido daríamos conta sozinhos. Foi só eu sair do primeiro ultrassom e prever todo o trabalho que um serzinho tão pequeno daria que liguei correndo pra futura vovó, pedindo socorro.
Meu Deus! Se eu pudesse voltar no tempo, olharia bem pra mim mesma e diria: "Fecha essa matraca, sua louca!". Como é fácil ter mil teorias e opiniões formadas sobre ser mãe quando não se é mãe. Como é fácil julgar os outros, sem saber o que acontece realmente.
Foram várias as vezes que estávamos, eu e meu marido, em restaurantes, cafés, avião, cinema, e de repente aparece aquela mãe com uma criança a tiracolo. Troca de olhares. Típico casalzinho que não quer ser incomodado. “Será que mudamos de lugar?”
Apesar de todo o esforço, às vezes o rebento consegue tirar a mãe do sério. Se põe a chorar, ou a fazer birra ou, o pior pesadelo de qualquer mãe, se joga no chão e grita. Pensava:” Meu filho não vai ser assim, imagine fazer isso em público!”.
Só um aviso: na maioria das vezes, não está nas suas mãos. Claro, tentamos fazer o nosso melhor, o problema é que nem sempre é suficiente. Certa vez, quando o Matheus tinha uns quatro meses, tivemos que ir embora da padaria onde sempre tomamos nosso café da manhã, pois o pequeno decidiu que não estava a fim de ficar ali e abriu o maior berreiro. Fim do programa. Alívio para os outros clientes do café. E essa não foi a primeira nem a última vez.
Hoje vejo outros casais olhando para NÓS daquele jeito. Hoje eu sou aquela mãe e na mesma hora que detecto “o olhar” já me ofendo pelo meu filho. “Que absurdo, é só um bebê. E o mais lindo do mundo!”

quinta-feira, 27 de maio de 2010

EFEITO CARANGUEJO

Uma amiga esses dias me falou que a fase pós-parto, pela qual ela está passando, é tipo um 'efeito caranguejo', ou seja, quando um caranguejo tenta sair do balde, os outros todos puxam pra baixo. Nenhuma mulher conta pras outras. Só se fala nas maravilhas da maternidade, mas não se fala na dificuldade de não dormir, da amamentação, de não saber por que o bebê está chorando, e principalmente, por que eles DETESTAM o berço.
Toda vez que chego na casa dessa mesma amiga, ela está com a nenezinha no colo, com ares de desespero. Nas vezes que ela vinha aqui, quando o Matheus nasceu, dizia que era fácil, que ele só dormia. Hoje ela passa pela mesma coisa e fala que eu devia ter avisado. Eu avisei, mas ela não lembra.
O pós-parto é com certeza o período mais difícil de todos. Você quer matar o marido asfixiado com o travesseiro à noite, sem o coitado ter feito nada além de ajudar e ser o mais compreensivo dos homens. Minha mãe falava que eu parecia uma 'tigra'. É verdade, mas não era eu, e sim, Eles, os Hormônios. Pode por a culpa neles sim, e você não vai estar mentindo. Acho que Deus não prestou muita atenção nisso quando a Eva ficava insuportável de vez em quando e ninguém sabia por que.
Meu pobre marido às vezes chegava em casa e pegava eu e o bebê nos debulhando em lágrimas. Tudo bem, ele teve sorte até agora, pois não sofro de TPM.(Juro por Deus!). Uma hora ele teria o encontro com os Hormônios, e posso dizer que ele se saiu muito bem.

O CLUBE

No momento que você fica grávida é como se entrasse para um clube. O Clube das Grávidas. Antes você e suas amigas se encontravam pra almoçar e ficavam só de fofoca, ou então entretidas naquelas longas conversas profundas. Esqueça, agora você é MÃE, não tem mais tempo pra conversas profundas.
Agora você pertence a um novo Clube. E muitas informações confidenciais precisam ser desvendadas, como: Onde se encontra roupa de gestante por um preço acessível? Devo fazer um curso de pais? (já adianto que não existe 'curso' que vá te ensinar a ser pai ou mãe), onde é melhor fazer ultrassom 4D? O que fazer pra não se sentir tão enjoada? Devo ler o livro 'A Encantadora de Bebês'?
Em poucos meses, você passa de iniciante a avançada e passa a ajudar as recém-gestantes na descoberta das informações. Aliás, é só ver uma outra grávida que lá está você, pronta para ajudar ou só trocar figurinhas, coisa que aqui na minha cidade é quase um sacrilégio.
Nasce o Bebê, e aí você muda de nível e entra para o Clube dos Pais. Muito mais importante e numeroso, pois envolve ambos os sexos e do qual você será sócio vitalício. Depois que o Matheus nasceu, eu e meu marido conhecemos muitos outros casais que frequentam os mesmos lugares que nós e que às vezes também tem que ir embora pois o filho está dando piti. Nesse momento, os olhares de cumplicidade entre os membros do clube proporcionam um certo conforto, e até alívio. 'Viu só? Não acontece só com a gente!'
Antes, casalzinho em restaurantes 'hip' da cidade, bebericando vinho. Agora, pai, mãe e bebê na padaria, com direito a café derramado e migalhas de pão pra todos os lados...mas nada se compara ao sorriso do Matheus quando ele vê sua torrada quentinha com manteiga chegando na mesa. 'Pa-pa' Diversão total!

O DIA DO SIM

SIM! Deu positivo, você está mesmo vendo dois risquinhos no bastãozinho que acabou de fazer xixi. E aí vem a pergunta que não quer calar...e agora??
Para muitas mulheres, esse é um momento da mais pura felicidade, afinal, elas sempre souberam que queriam ser mãe, nasceram pra isso. Porém, existe um outro grupo de mulheres, aquelas que nem sempre pensaram em engravidar, e que a ideia de ser mãe assusta um pouco.
Bem, tenho que confessar que faço parte do segundo grupo. Não me entendam mal, amo meu filho mais que tudo no mundo, mas pra mim, junto com a felicidade da descoberta, veio também a pergunta: E AGORA? Como vou fazer isso??
Claro, no tempo das nossas mães era mais fácil,(é o que dizem todas as mães da geração passada com quem falei...ou será que elas não contam toda a verdade???). Hoje nos casamos mais velhas, temos um trabalho, saímos e viajamos, aproveitamos mais a vida com o marido...por isso tudo, é tão difícil abrir mão dessa "vidão".
Descobri que estava grávida por acaso, tinha marcado uma sessão de 'laser', então fiz o exame às pressas antes de sair de casa, pois o procedimento não pode ser feito em gestantes, e estávamos tentando há uns meses. Pra minha TOTAL surpresa, deu positivo...desmarquei o 'laser', comprei outro exame na farmácia e positivo de novo. E mesmo assim... "MAS SERÁ?". Por fim, fiz o exame de laboratório, cujo resultado só sairia à noite.
Fiquei tão perplexa que não contei pra ninguém, nem meu próprio marido.
Ele chegou à noitinha e resolvemos pedir uma pizza e ver 'FRIENDS' pela centésima vez na TV. Passou-se uma meia hora. De repente, parei o DVD e falei pra ele: "talvez eu esteja grávida". Acho que não preciso dizer o tamanho do susto do moço, que falou: "como assim, talvez?"
Vou dizer que a ficha demora uns dias a cair. Mais dias ainda pra se sentir realmente grávida. Muito mais dias pra sentir-se mãe. Como diz meu marido, o que assusta é a inevitabilidade da coisa. É pra sempre, é o maior amor que uma mulher pode sentir.