terça-feira, 25 de janeiro de 2011

AFINIDADES

Se existe algo que pode realmente conectar a gente com outra pessoa são as afinidades. É possível ter afinidade com quem você mal conhece. Basta uma só conversa e dá pra sentir os santos batendo um "high-five". Já outras você passa a vida tentando entender, mas as diferenças falam mais alto.
Uma das pessoas com quem mais tive afinidade na vida se chamava José. Afinidade não tem idade. Ele era pelo menos cinquenta anos mais velho do que eu, mas isso nunca fez diferença.
Também não era das pessoas mais fáceis de se conviver. Tinha um jeito muitas vezes estressado. Eu e ele tivemos nossas brigas pois eu também posso ser bem teimosa às vezes. Ou como dizem meus irmãos, uma ararinha.
Não importava se era a inflação ou o tempo chuvoso, quase tudo era culpa do governo. Ficava fulo com coisas que não podia controlar e isso nunca fez bem à sua saúde.
Foi com José que eu vi E.T. no cinema pela primeira vez. Foi ele quem me levou aos Estados Unidos, maior sonho da minha vida de criança. Foi ele quem me ensinou a gostar de Agatha Christie.
Quando morávamos na mesma cidade, aparecia em casa todas as manhãs. Ele às vezes levava algo pra mim, como um brinquedo quando era eu mais nova e depois de adulta uma revista ou algo assim. Eu às vezes fazia para ele um bolo de fubá ou laranja, seus preferidos.
Foi uma segunda cirurgia no coração que levou meu avô querido. Minha mãe diz que ele só estava esperando por mim para finalmente se despedir no hospital. Acho até que era verdade, pois ele se foi logo depois.
Fiz um bolo para levar pra ele naquele dia, acho que era de fubá. Não queria aceitar o que estava para acontecer. O doce era um jeito de dizer: "Você não pode ir ainda, fiz um bolo pra você".
Ele se foi há seis anos e eu sinto a sua falta todo dia. Mas sei que é ele quem olha pelo meu filho e agora meu novo bebê, reclamando lá do céu.

8 comentários:

  1. Saudade dói tanto no peito, que sai molhada dos olhos....

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  2. Naquela mesa ele sentava sempre
    E me dizia sempre o que é viver melhor
    Naquela mesa ele contava histórias
    Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
    Naquela mesa ele juntava gente
    E contava contente o que fez de manhã
    E nos seus olhos era tanto brilho
    Que mais que seu filho
    Eu fiquei seu fã
    Eu não sabia que doía tanto
    Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
    Se eu soubesse o quanto dói a vida
    Essa dor tão doída, não doía assim
    Agora resta uma mesa na sala
    E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
    Naquela mesa ta faltando ele
    E a saudade dele ta doendo em mim

    UMA MÚSICA QUE SEMPRE ME LEMBRO DELE....
    MUITAS SAUDADES!!!!

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  3. E que falta faz ele falando que comeu a melhor feijoada da sua vida todas as vezes que a mãe fazia..
    Que falta faz ele indignado com o Romário, com a Rede Globo e com o FHC...
    Que falta faz ele reclamando do calor...
    Que falta daquele sorriso verdadeiro que se abria todas as vezes em que nos encontrava... e até daquele nada verdadeiro quando um desconhecido falava algo que não lhe agradava...
    Que falta dos "bizoca", "tuudo bem", "calma andré".., "quanto tá o preço da laranja?"

    Que falta da presença tua VÔ JOSÉ em nossas vidas aqui na Terra!

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  4. Adorei Taty.... parece q estou vendo e ouvindo tdo novamente...

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  5. Todos disseram tudo que vai em nossos corações, tomara que onde ele está possa ver o qto o amamos..

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