quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

MÃE, A CHATA

Não tem como. Por mais que você tente, é impossível se tornar uma mãe sem ficar mais chata. No momento em que o filho nasce, aparecem com ele mil pequenas coisas que precisam ser colocadas em ordem.
Na verdade, já existe uma preparação antes mesmo do bebê nascer. É preciso pensar em todos os detalhes como o enxoval do pequeno, a maternidade, o plano de saúde, o tipo de parto, fazer vários exames, decidir sobre a coleta de sangue do cordão umbilical, etc, etc.
Aí o casal já tem uma prévia de que a moleza acabou. Antes as decisões se resumem ao lugar onde vão jantar, se ligam para encontrar os amigos ou vão só os dois, que filme locar numa sexta feira, coisinhas do tipo.
É depois do nascimento que começa o curso (super) intensivo. Nos primeiros três meses não se tem tempo nem de respirar. É mamar, fazer o bebê arrotar, fazer dormir, trocar a fralda, trocar a roupinha, tirar o lixo várias vezes por dia, esterilizar mamadeira, ferver água, acordar várias vezes durante à noite. E quando termina, o jeito é começar tudo de novo.
Eu, que sempre fui "tarefeira" do tipo missão dada é missão cumprida, fiquei ainda mais depois do Matheus. Na verdade não gosto de deixar para amanhã o que posso fazer hoje.
Com filho pequeno, se você não vai organizando as coisas no dia-a dia a casa vira de cabeça para baixo. Supermercado, escola, pagamentos, casa. Só quem é mãe sabe.
É a mãe quem geralmente quer colocar aquele casaco quando está um pouco frio ou que insiste que a criança tem que comer alguma coisa saudável. É quase sempre a mãe que enfia goela abaixo o remédio que o pediatra mandou tomar três vezes ao dia.
A mãe é aquele ser que não deixa entrar na piscina à noite e que manda guardar as coisas no lugar. A mãe manda escovar os dentes e tomar banho sob protesto todos os dias. TODOS os dias.
Mas tudo bem, faz parte. Eles nos amam incondicionalmente sendo assim mesmo, chatas. E pra mim isso basta.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

POUCAS E BOAS

Sempre achei muito chato escutar aquelas mães que contam todos os mínimos detalhes das peripécias dos seus rebentos. Ou aqueles pais que te pegam num canto do qual você não consegue escapar para mostrar umas cem fotos do filho no celular.
Mas, porém, todavia, existem algumas coisas que precisam ser compartilhadas pois corremos o risco de esquecer com o tempo. Esse foi o principal motivo que resolvi escrever algumas das "tiradas" do Matheus. Eis algumas.
Quando ele diz "Se comporte!" para o brinquedo que leva junto no carro no caminho para a escola.
Quando ele fica brabo e diz para si mesmo bem alto: "Não precisa brigaaaaar!"
Quando ele lê as placas dos carros em inglês no caminho para aulinha.
Quando ele, depois de apagar a velinha do aniversário disse: "Liga o parabéns de novo!"
Quando ele mesmo, depois de tirar o boné na piscina e já prevendo o que eu iria falar me olha e diz: "Mas filho..."
Quando ele diz "ultiminho!" para cada um dos dez sorvetes que toma por dia quando está na casa da vó.
Quando reza o Santo Anjo sozinho.
Quando enumera tudo que faz antes de ir dormir: "Primeiro, tomar banho. Segundo, mamar. Terceiro, escovar os dentes. Quarto, tomar aguinha. Quinto, memir!"
Quando fica felicíssimo por eu pedir para ele jogar qualquer coisa no lixo.
Quando ele vê uma foto de si mesmo e diz: "Seu sapeca!"
Como eu disse. Eis algumas. De muitas.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

TRÊS ANOS

Amanhã o Matheus faz três anos. Passou voando e não passou. Não parece que ele existe só há tão pouco tempo. A minha vida antes dele eu quase não consigo lembrar. Um filho traz uma mudança avassaladora. Me transformou em outra.
Gravidez muito tranquila, eu confiante demais. Cesárea me surpreendeu, não era bem um passeio no parque. Bebê não tinha os pulmões ainda bem formados, uma semana na UTI. Pior semana da minha vida.
Primeiro ano de muito choro, muita cólica, sono quase nenhum, gripe suína, não podíamos sair de casa. Tudo pela frente para os novos pais aprenderem. Quase nada que li nos livros serviu.
Segundo ano um pouco mais de sono, não muito. Ele cada dia mais carinhoso. Incontáveis abraços e beijos. Verdadeiro pavor de médico, puxou ao pai. Verdadeira adoração por música, puxou ao pai. Totalmente grudado em pai e mãe. Talvez devido à distância dos parentes. Talvez ele simplesmente seja assim. Andou tarde, tinha um ano e quatro meses. Aprendeu mesmo no shopping, seu lugar favorito. Passatempo preferido, escada rolante.
Ano três. Eu totalmente apaixonada. Sono profundo, enfim. Acha que consegue fazer tudo sozinho. Ama as letras e os números. Difícil brincar com algo que não tenha a ver com isso. Aprendeu o alfabeto sozinho. Sabe também em inglês. Não usa boia na piscina. Detesta tudo que prenda sua movimentação. Adora Pato Fu. Canta junto com a Fernanda. Usa o i-pad melhor do que eu.
Já assisti à Galinha Pintadinha umas mil vezes. Já fui embora de lugares porque ele não parava de chorar. Já cantei a mesma música repetidamente só porque ele pediu. Já deixei de ir a vários compromissos. Deixei ele tomar refrigerante muito antes do que eu esperava. Já me senti a pessoa mais feliz do mundo. Já achei que fosse enlouquecer depois de um dia difícil. Muitas vezes penso se sou uma boa mãe. Faço tantas coisas que disse que nunca faria. Faço qualquer coisa para ver meu filho feliz. Parabéns, meu querido.