terça-feira, 2 de dezembro de 2014

MEUS OUTROS BEBÊS

No final do ano passado recebi uma proposta maravihosamente assustadora da dona da escolinha do meu filho mais novo. Ela me perguntou se eu não queria ser professora de inglês das turminhas, que têm entre 0 e 4 anos. Aquilo me pegou totalmente de surpresa e pedi uns dias para pensar. Trabalhar com crianças tão pequenas, como assim? Fazia onze anos que estava no mesmo curso de línguas, dando aulas só para adultos... o que me levou a sair fora o nascimento do Gabi. Como não tinha intenção de voltar ao emprego antigo devido aos horários (adultos quase sempre estudam à noite), acabei aceitando. Primeiro porque a Ana é uma pessoa tão apaixonada pelo que faz, tão alto astral, que é praticamente impossível dizer não para ela. Segundo porque precisava de alguma coisa que se encaixasse no horário dos meninos. Por aceitar, acabei perdendo o sono. O que eu iria fazer com os bebês? Não existe um material didático para isso, eles não sabem ler nem segurar um lápis. Me bateu um desespero absoluto que como sempre foi abrandado pelo meu marido e companheiro. A Ana me falou que só por eu estar com eles falando aquela língua diferente, olhando nos seus olhinhos já ia dar certo. Claro que duvidei muito disso. Passei dias e dias na internet assistindo a vídeos, procurando músicas e qualquer coisa que fosse imprimível para a faixa etária deles. Depois de um mês,eu achava que estava chegando preparada. Que nada! Para falar a verdade e tão somente a verdade, foram eles que me ensinaram muito durante esse ano que passou. Com os bebês do berçário, tão pequeninos ainda mas que cresceram tanto nesse ano, hoje é só chegar que eles mesmos já vão sentando e começam a bater palminhas. Já esperam e sabem quais são as musiquinhas que vão ouvir. Todos ficam animados para bater hi-five comigo e até ensaiam um "ai"! Os olhinhos acompanham tudo e por eles todo aquele carinho é transmitido. Às vezes vem um devagarinho e senta no meu colo. No words, just love. Com os mais velhos meu assombramento foi ainda maior. A facilidade, a falta de inibição, nenhum bloqueio, apenas a entrega dessas mentes tão fresquinhas. São crianças de famílias tão diversas, com problemas diferentes, criações diferentes mas todos têm uma coisa em comum: a pureza de sentimentos. A cada aula todos querem contar do último dodói, da blusa nova, de alguma coisa diferente que aconteceu em casa. Todos ao mesmo tempo. Muito abraços e beijos. Me apaixonei, como a Ana disse que aconteceria. Não tenho curso de Pedagogia e dependo imensamente das "tias" para me dar um HELP, mas entendi que a aproximação sincera realmente desperta o interesse dos pequenos. Hoje fico feliz que não deixei essa chance passar. Eles com certeza ficaram com um pedaço do meu coração.

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